No dia 5 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data é um marco importante por discussões acerca do tema e ressalta a importância da preservação do ambiente natural que nos cerca. Em 2021, o Brasil registrou recordes de desmatamento. No mês de abril deste ano, obteve o maior índice da história. Os dados são do monitoramento feito pela plataforma Terra Brasilis, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que reúne informações das regiões e principais biomas, desde 2015. Segundo os dados do sistema, já são contabilizados 36.226,09 km² em avisos de desmatamento somente na área da Amazônia Legal.
O desmatamento não é o único desafio dos biomas naturais do país. O Brasil também enfrenta diversos problemas, como a destruição dos mananciais, a derrubada das florestas e, também a, seca dos rios. Todos esses fatores afetam a economia e a sobrevivência humana. O diretor executivo da Cátedra Escolhas Economia e Meio Ambiente, Sérgio Leitão, salienta que a discussão sobre o meio ambiente abarca temas sociais e econômicos, que repercutem diretamente na vida das pessoas, encarecendo contas de luz e nossas exportações.
Para ele, o momento atual que o Brasil vive de emergência climática é consequência do desmatamento de anos e das políticas públicas atuais. “A mudança no regime de chuvas está ligada às mudanças climáticas, muita chuva de uma vez só ou, como agora, a maior seca dos últimos anos na região sudeste, a maior consumidora de energia do país. Não preservamos nossas nascentes e florestas e agora estamos sofrendo com a seca. Isso não é azar, como apontam as autoridades do governo, isso é consequência da ação do ser humano”, acrescentou.
As declarações de Sérgio Leitão ficam evidentes com o aviso do Sistema Nacional de Meteorologia (SNM) emitido na sexta-feira (29), de que uma emergência hídrica pode levar o país a sofrer com apagões. A situação é crítica em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná — e essa condição vai se estender de julho a setembro de 2021. Esse é o primeiro alerta desse tipo em 111 anos e leva apreensão à população, às indústrias e à entidades do meio ambiente.
Fator econômico
Sérgio explica que a economia, depois do próprio meio ambiente, é a primeira a sofrer as consequências da negligência governamental. “A nossa capacidade de exportação é maior se mostrarmos ao mundo que produzimos de maneira correta e limpa. Os investidores internacionais precisam confiar que o país tenha responsabilidade com o meio ambiente. As políticas atuais prejudicam o país. O Brasil tem sido alvo de intensas cobranças de consumidores europeus, norte-americanos e chineses, que agora também cobram dos brasileiros uma maior fiscalização da produção de produtos”, afirmou.
O especialista Rubens Antonio Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE), afirma que o Brasil sofre consequências comerciais em razão de uma política falha de proteção ambiental. “Isso afeta, primeiramente, a vida das pessoas que aqui vivem. Os principais impactos da atual política de meio ambiente incidem sobre a destruição da Amazônia pelos ilícitos com fiscalização precária no tocante ao desmatamento, às queimadas e ao garimpo na região. Afeta a vida de 25 milhões de pessoas que vivem na região e começa a ter consequências econômicas e comerciais com a ameaça de restrições à exportação de produtos oriundos da região”, explica.
O consultor declara que o principal problema do Brasil atualmente com o Meio Ambiente é a percepção externa de que o país não está tomando as medidas necessárias para impedir a destruição da Amazônia. “Com isso, a narrativa do governo perdeu credibilidade no exterior”. Para ele, as políticas do atual governo no tocante ao Meio Ambiente e mudança de clima estão na contramão das prioridades globais. “Em especial da Europa e dos EUA. O meio ambiente se tornou um tema global ,e no caso do Brasil, o foco é a Amazônia. Pelas consequências concretas que começam a ocorrer, as referidas políticas não estão em linha com o interesse nacional”, comenta.
Consciência ecológica
Algumas empresas e comunidades estão empenhadas em mudar esse cenário que o Brasil está. Esse é o caso da comunidade arbitral global que está empenhada em reduzir a pegada de carbono que a prática deixa na natureza e lança uma campanha nacional de divulgação dos “Greener Arbitration Protocol” (Protocolo de Arbitragem Mais Verde).
Patricia Kobayashi, Secretaria Geral do Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá faz parte do Subcomitê Latino-americano da iniciativa, cujo objetivo é incentivar condutas que minimizem o impacto dos procedimentos no meio ambiente. A campanha é ampla e envolve diversos players da comunidade arbitral no mundo: centros de arbitragem, árbitros, escritórios de advocacia, locais de audiência, financiadores, jornalistas jurídicos, fornecedores de tecnologia jurídica, entre outros.
O protocolo, idealizado pela árbitra internacional Lucy Greenwood para reduzir a pegada de carbono ligada ao segmento, tem foco em três áreas: adoção de formas limpas de energia, redução de viagens de longa distância e diminuição do desperdício neste último pilar, um exemplo de ação é eliminar arquivamentos de cópias impressas.
Nelson Rodrigues, ambientalista, de 45 anos, morador de Sobradinho-DF, graduado em serviço social e meio ambiente, destaca que entre as áreas mais afetadas pela destruição ambiental estão as que dependem do turismo e da agricultura familiar e pede mais consciência. “A população e o governo precisam ter consciência ambiental e começar a fazer a recuperação dessas áreas degradadas e desmatadas, esse é apenas um dos caminhos para que se tenha um meio ambiente limpo e sustentável para as futuras gerações”, cita.
* Estagiárias sob supervisão de Renato Souza