O Instituto Butantan recebe, hoje, 3 mil litros de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) vindos da China para retomar a fabricação da CoronaVac, que está interrompida desde 13 de maio por falta do insumo básico — a entrega da matéria-prima estava prevista, inicialmente, para amanhã. No sábado passado, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recebeu mais uma remessa de IFA e a linha de produção, dessa forma, foi reiniciada.
De acordo com o Butantan, o novo lote de insumo será destinado à produção de mais de 5 milhões de doses, que serão disponibilizadas em junho ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde. Neste mês, o instituto entregou 47,2 milhões de injeções ao governo federal, cumprindo o primeiro contrato de 46 milhões. Segundo a instituição, tão logo cheguem os insumos, a produção será normalizada no dia seguinte e as novas doses começam a ser enviadas ao Ministério da Saúde aproximadamente 20 dias depois.
No caso da Fiocruz, com a nova remessa de IFA, poderão ser fabricadas em torno de 12 milhões de doses, o que assegura os repasses previstos no PNI até a terceira semana de junho. Segundo a fundação, a produção recomeça hoje.
Estima-se que a matéria-prima vinda da China será suficiente para a fabricação de cerca de 17 milhões de doses da vacina. Segundo o ministério, do total dos imunizantes contra a covid-19 distribuídos no país, de janeiro até o momento, 70% foram da CoronaVac, 29,3% da Oxford/AstraZeneca e 0,7% da Pfizer.
450 mil mortos
No momento em que a produção se reinicia, o Brasil encostou na barreira das 450 mil mortes pela covid-19. Registrou, entre domingo e ontem, 790 óbitos, de acordo com dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) — totalizando 449.858 vidas perdidas para a doença. O levantamento apontou, ainda, 37.498 novos casos da doença nas últimas 24 horas, somando16.120.756 registros desde o início da pandemia.
Por conta disso, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou, ontem, que diversos países têm mostrado ascensão no contágio pelo novo coronavírus, mas apontou que os programas de vacinação têm mostrado aceleração. No caso do Brasil, contudo, ele reconheceu que a imunização cedeu um pouco, o que não era previsto pela instituição neste momento.
“Alguns países asiáticos voltaram a ter um aumento no número de casos de covid-19, puxado pela Índia. O Brasil também voltou a ter uma pequena aceleração no número de casos. Mas, olhando os números de óbitos, vemos uma queda em quase todos os lugares. A aceleração da vacinação é o que importa e que fará as economias reabrirem. A Europa começou a acelerar a vacinação, a Alemanha e a China estão acelerando”, afirmou o presidente do BC.
Campos Neto admitiu que a média móvel de vacinação no Brasil caiu um pouco devido à falta de insumos para a fabricação da vacina, mas ele voltou a prever que a imunização será forte no país a partir de junho. “O que de fato está acontecendo em matéria de vacinação é menor do que esperávamos, mas tivemos boas notícias de grandes de compras recentes de vacinas”, destacou.
* Estagiários sob a supervisão de Andréia Castro e Fabio Grecchi)