A polícia prendeu em flagrante a mãe e avó de um menino, de oito anos, diagnosticado com autismo, por maus tratos e cárcere privado, em uma casa em Belford Roxo, munício da Baixada Fluminense próximo ao Rio de Janeiro. De acordo com vizinhos, a criança vivia em uma lata de lixo e estava permanentemente dopada. As duas foram presas na última segunda-feira, mas o episódio só foi divulgado ontem.
A prisão preventiva foi decretada pelo juiz Rafael Almeida Rezende, da 1° Vara Criminal de Belford Roxo. De acordo com a Polícia Civil, o menino encontra-se sob cuidados médicos e o estado de saúde é delicado.
Segundo os moradores do bairro em que as duas mulheres e o menino moravam, a criança vivia em um espaço com menos de 2m² e era submetida a horas com fome e com sede. Durante o resgate, a criança apresentava quadro visível de desnutrição. Para piorar a situação das duas mulheres, o delegado José Salomão, responsável por investigar o caso, disse que o menino foi encontrado em um canil e repleto de ferimentos pelo corpo, que indicaria que também seria agredido pela dupla.
A mãe e a avó foram indiciadas pelos crimes de tortura, cárcere privado e abuso de vulnerável. Conforme disseram em depoimento, o menino era mantido preso para que não fugisse. Outras três crianças, com idades entre três a 10 anos, foram levadas para o Conselho Tutelar, que cuidará da guarda até que possam ser encaminhadas.
No inquérito aberto pela prisão das duas mulheres, os investigadores anotaram que “o menor chegou ao hospital fraco, desnutrido, com falhas no cabelo, cicatrizes arredondadas, dentes escuros e em estado de pânico, por ter sido submetido a intenso sofrimento físico e mental”. A mãe e a avó podem ser condenadas a até 15 anos de prisão.
* Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi*