A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu, ontem, o pedido de autorização para uso emergencial da vacina Convidecia contra a covid-19. O pedido foi feito pela empresa Belcher Farmacêutica, representante do laboratório chinês CanSino Biologics no Brasil. De acordo com o órgão regulador, a análise dos papéis foi iniciada e, no momento, está sendo feita a triagem para verificar se todas as informações para a avaliação foram devidamente apresentadas.
A Convidecia é produzida a partir de um adenovírus humano não replicante, desenvolvido em uma parceria entre a CanSino e a Academia de Ciências Médicas Militares da China. A vacina é oferecida em apenas uma dose. A tecnologia de vetor viral — editado geneticamente para conter partes do vírus da covid-19 — é também utilizada pela Covishield (Oxford/AstraZeneca/Fiocruz), pela Sputnik V (Instituto Gamaleya) e pela Janssen (Johnson & Johnson).
Os ensaios clínicos da Convidecia foram desenvolvidos no Paquistão, na Rússia, no Chile, na Argentina e no México. Os dados desses estudos serão analisados pela Anvisa. Antes da formalização do pedido, a agência reguladora realizou duas reuniões com representantes do CanSino, em março.
Dose única
Eliseu Alves Waldman, epidemiologista e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), salienta que se a vacina for aprovada pela Anvisa, e comprada pelo Ministério da Saúde, o país terá a vantagem de dispor de mais uma vacina para acelerar a imunização da população. “Uma vantagem adicional é o fato de necessitar de uma única dose”, salientou.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse ontem ter conversado com representantes da empresa de biotecnologia Moderna, a fim de fechar um acordo para a aquisição da vacina do laboratório norte-americano. “Conversei hoje com representantes da Moderna, momento em que expressei o interesse do Ministério da Saúde e do governo brasileiro em firmar parcerias com a fabricante para o fornecimento de vacinas com alta capacidade de resposta a variantes da covid-19”, afirmou em uma rede social.
Ainda no início de março, quando a pasta ainda estava sob a gestão de Eduardo Pazuello, o Ministério da Saúde chegou a informar que estava “praticamente na fase final de negociações” com a Moderna para fechar um contrato de compra de 13 milhões de doses. A previsão era de que o Brasil recebesse três remessas iniciais, com 1 milhão de doses da vacina, que seriam distribuídas em julho, agosto e setembro. Entre outubro e dezembro, seriam enviadas mais 10 milhões de doses, em diferentes remessas.
* Estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi