A comunidade Palimiú, às margens do rio Uraricoera, território Yanomami localizado no município de Alto Alegre (RR), tem passado por momentos sombrios. Desde o dia 10 de maio, a comunidade indígena vem sofrendo ataques frequentes de garimpeiros ilegais da região. Conforme dizem os indígenas, os garimpeiros utilizaram armamento pesado, como metralhadoras, para efetuar os disparos contra a comunidade no último dia 10.
Após o primeiro ataque, a Polícia Federal foi ao local no dia 11 de maio e houve troca de tiros com os garimpeiros, resultando na morte de duas crianças indígenas, que se perderam enquanto estavam fugindo dos disparos. No dia seguinte os corpos foram encontrados no rio.
No domingo (16), segundo informações da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), cerca de 15 barcos de garimpeiros abriram fogo em direção à comunidade indígena, lançando bombas de gás lacrimogêneo.
Segundo relatos de indígenas, os ataques são uma resposta à barreira sanitária instalada há cerca de seis meses para impedir o avanço da covid-19 na região. A barreira impediu a entrada de mais garimpeiros, o que pode ter motivado os ataques. Durante todos as investidas, os indígenas apreenderam materiais de garimpeiros ilegais e expulsaram aqueles que tentavam invadir as terras.
“Um grupo Yanomami interceptou cinco garimpeiros que subiam em direção ao Korekorema, no rio Uraricoera, em uma voadeira carregada de combustível para avião e helicóptero, apreendendo a carga de 990 litros de combustível. Assistindo ao ocorrido, outros sete garimpeiros, que desciam o rio em direção a Boa Vista, reagiram disparando três tiros contra os indígenas, acima do posto de saúde local, a que os Yanomami responderam com mais tiros. Felizmente, não houve feridos”, explica a Associação Yanomami Hutukara em ofício datado de 30 de abril.
Pedido de socorro
Em meio a tanta violência os Yanomamis estão pedindo apoio às autoridades para auxiliar na proteção do território indígena. Desde abril, a comunidade vem pedindo apoio, como mostra o ofício enviado à Polícia Federal de Roraima, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e ao Ministério Público Federal em Roraima.
“Em virtude da alta tensão na comunidade, bem como da recorrência de conflitos violentos entre indígenas e garimpeiros em toda a TIY neste ano, solicitamos que medidas urgentes dos órgãos aqui endereçados sejam adotadas no sentido de garantir a segurança da comunidade do Palimiú e reforçamos a necessidade da implementação de medidas contundentes para impedir a consolidação da presença garimpeira ilegal no interior da Terra Indígena”, diz o documento.
Funai
Após os novos confrontos, em entrevista ao Correio, a Funai diz que acompanha os fatos ocorridos e que não compactua com nenhum tipo de conduta ilícita, assim como, julgamentos sem a devida conclusão das apurações.
“A fundação também presta apoio às forças de segurança no local e mantém diálogo permanente com a comunidade. Cumpre ressaltar que o órgão vem mantendo equipes de forma ininterrupta dentro da Terra Indígena, por meio de suas Bases de Proteção Etnoambiental (BAPEs)”, dizem.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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