A situação continua tensa entre garimpeiros e indígenas em Roraima, onde na segunda-feira (10/5) iniciou-se um conflito às margens do rio Uraricorera. Desde terça-feira a Polícia Federal de Roraima está no território indígena Yanomami para apurar informações sobre o conflito. Garimpeiros que estavam em uma embarcação abriram fogo contra os agentes da PF, que revidaram. A troca de tiros durou cerca de cinco minutos. O embate aconteceu no momento em que os agentes estavam voltando para Boa Vista, capital de Roraima.
Até o fechamento desta reportagem, o Correio não obteve mais informações da Polícia Federal sobre o ocorrido. Não houve feridos no tiroteio de ambos os lados. Por meio de relatório, a Fundação Nacional do Índio (Funai), junto com a Coordenação da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami Yekuana (CFPE-YY), denunciou a violência que a comunidade sofreu.
“Sete barcos de garimpeiros portando armas de fogo atiraram contra indígenas daquela comunidade que revidaram o ataque, resultando em cinco feridos, sendo um indígena e quatro garimpeiros. Não foi possível colher mais informações sobre o fato, contudo é possível afirmar que este não foi o primeiro conflito naquela região e os indígenas temem novos ataques”, informa o documento.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) enviou um requerimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) no qual pede a retirada dos 'invasores da terra indígena'. “A Apib vê com preocupação o sério risco de genocídio. Ontem, a escalada de conflitos na região teve um novo episódio de violência de garimpeiros contra indígenas. A Hutukara Associação Yanomami denuncia que este é o terceiro ataque em 2021 e cobra providências para garantir a segurança e a livre circulação de indígenas no território”, informou a entidade, por meio de nota.
Covid e malária
Outro problema denunciado ao STF pela Apib é a disseminação da Covid-19 e malária, doenças que chegam com a invasão dos garimpeiros em suas terras. Houve um salto de mais de 250% de casos. Os números de indígenas infectados já passa de 1.200, e foram registrados cerca de 23 óbitos na região da Terra Indígena Yanomami.
“A petição protocolada no STF solicita que ‘a União informe quais medidas estão sendo tomadas para fiscalização da TI Yanomami” e ainda reitera ‘as necessidades de se determinar a retirada de invasores, com urgência, da TI Yanomami, ante a iminência de um genocídio e a escalada de disseminação de malária e Covid-19 na referida TI por garimpeiros ilegais”, disseram.
*Estagiários sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza