JACAREZINHO

Hospital confirma à OAB: baleados chegaram mortos

Os baleados da ação policial que deixou 28 mortos na favela do Jacarezinho chegaram ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro do Rio, “deram entrada já cadáveres”. A informação foi repassada à Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) que, na última-sexta-feira, remeteu um rol de perguntas à direção do pronto-socorro.

Segundo o presidente da Comissão, Álvaro Quintão, a informação do Souza Aguiar confirma o que a OAB já havia apurado: que todos os removidos pela polícia já estavam mortos quando saíram do Jacarezinho. Para ele, houve uma “clara tentativa da polícia de que a perícia não fosse feita no local”, o que confirmaria os relatos de testemunhas e parentes de que houve uma chacina programada e que algumas das vítimas estavam marcadas para morrer.

Quintão reforçou que, nos casos em que os suspeitos foram mortos na favela, “a perícia tinha que ter acontecido no local”, algo que já havia sido ressaltado pela Defensoria Pública estadual no dia da mais brutal operação da polícia no estado.

A assessoria da Polícia Civil informou que a chegada dos suspeitos mortos à unidade de saúde não representa que os baleados deixaram de ser atendidos. Além disso, ainda segundo a corporação, a maioria dos feridos estava viva quando foi resgatada — e que o óbito teria acontecido durante a remoção para os hospitais. Um vídeo encaminhado pelos policiais mostra um homem, ainda vivo, na caçamba de uma viatura, sendo levado socorrido.

Horas depois da operação, a Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro negou que os agentes tenham feito “qualquer execução”.