Agência Estado
postado em 20/05/2021 08:51
O Sindicato dos Metroviários decidiu na noite desta quarta-feira, 19, suspender a greve no Metrô de São Paulo. A decisão foi tomada sem que as reivindicações apresentadas ao governo do Estado tenham sido atendidas e encerrou a paralisação que se estendeu ao longo do dia. As linhas voltaram ao funcionamento normal nesta quinta-feira, 20. A categoria mantém a mobilização e deverá realizar uma nova assembleia na próxima terça-feira, 25.
A suspensão da greve foi decidida durante assembleia que terminou às 22 horas desta quarta, com o apoio de 2.488 representantes da categoria (75,99%). A maioria da categoria (80,42%) rejeitou a nova proposta apresentada pelo governo estadual, mas acatou (93,59%) a proposta sugerida pelo TRT-2 em audiência no período da tarde.
A previsão inicial era de que a greve duraria 24 horas. Com início à 0h, ela afetou o funcionamento de linhas cuja operação é feita pelo Estado: 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata. Em meio aos transtornos provocados pela greve, o TRT-2 convocou uma nova audiência de mediação entre as partes. A discussão durou mais de uma hora, mas o sindicato e o Metrô não chegaram a um consenso e a negociação continuará ocorrendo.
De acordo com a proposta do TRT-2 aceita na assembleia da noite desta quarta-feira, os metroviários teriam reajuste salarial de 7,79%, e da mesma proporção nos vales refeição e alimentação, a partir deste mês. Também foram previstos os pagamentos de 40% do adicional noturno e de 60% do adicional de férias, ambos atrasados, até janeiro do próximo ano.
O acordo oferecido inicialmente pelo Metrô previa apenas a antecipação da Participação nos Resultados, a ser paga em janeiro de 2022, para agosto deste ano, e do abono salarial, previsto para março de 2022, no próximo 31 de janeiro. Em nota, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) afirma que o Metrô apresentou uma proposta "no limite de sua realidade econômica".
Paralisação afetou deslocamento; rodízio foi liberado pela Prefeitura
Afetados pela greve, usuários do Metrô reclamaram na quarta da maior demora para chegar ao destino e de aglomerações provocadas em meio à pandemia. Segundo afirmam, houve sobrecarga para a CPTM - já que os trens acabaram recebendo parte da demanda de passageiros. Por causa da paralisação, o rodízio de veículos também foi suspenso pela Prefeitura.
No início da semana, o Tribunal tinha aceitado pedido liminar para limitar a greve. Segundo o TRT-2, havia a determinação para manter funcionamento de 80% do serviço do efetivo do Metrô nos horários de pico (entre 6h e 10h e entre 16h e 20h) e 60% nos demais horários. "Em caso de descumprimento da liminar, que foi deferida pela juíza Maria Cristina Christianini Trentini, será aplicada multa diária de R$ 100 mil, cuja destinação será oportunamente decidida", afirma, em nota.
O Sindicato dos Metroviários alega que os salários estão congelados há dois anos, sem reajuste pela inflação e com perda real calculada em cerca de 10%. Também afirmam não receber a Participação nos Resultados (PR) referentes aos anos de 2019 e 2020.
Já a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, do governo estadual, diz que o reajuste proposto de 2,61%, além de benefícios, representa "excelentes condições", especialmente durante a pandemia de covid-19.
A decisão pela greve foi tomada na noite da terça-feira, 18, após nenhum representante da administração pública comparecer a outra audiência no TRT, segundo relata a entidade. Para dirigentes do sindicato, a atitude seria "um desrespeito à categoria".
"Não estamos pedindo aumento, estamos pedindo o reajuste inflacionário (do salário). É claro que, se vier alguma proposta de negociação, estamos dispostos a conversar e não paralisar o metrô. Mas isso está nas mãos do governo e do Metrô", afirmou mais cedo Camila Lisboa, uma das coordenadoras do sindicato, antes da audiência de mediação.
Um dos dirigentes do sindicato, Altino Prazeres chegou a afirmar que a categoria estaria disposta a voltar ao trabalho, se a tarifa deixasse de ser cobrada dos usuários. "Se deixarem a catraca aberta, voltamos a trabalhar na mesma hora. Sempre dizem que quando entramos de greve, isso atrapalha o transporte público. Mas se o governo topar, a gente topa também."
Cláusula de Paz
Em nota emitida na noite da quarta-feira, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos afirma que a suspensão da greve se deu mediante uma Cláusula de Paz organizada entre o Metrô, o Tribunal Regional do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho e o Sindicato dos Metroviários. A STM ainda alega que ofereceu na quarta-feira uma quinta proposta de acordo trabalhista desde o início das mobilizações, "no limite de sua realidade econômica".
"A oferta feita ao sindicato contempla reajuste salarial, manutenção de empregos e benefícios acima do exigido em CLT, além da antecipação da participação nos lucros e abono salarial de janeiro/22 para agosto/21 e março/22 para janeiro/22, respectivamente", diz o comunicado.
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