No mesmo dia em que o Instituto Butantan paralisou a produção da vacina CoronaVac em razão da falta de matéria-prima, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta sexta-feira (14/5) que o problema do Butantan com insumos é contratual e não diplomático. A declaração foi feita durante o evento que marcou o início da vacinação contra covid-19 de atletas olímpicos e paralímpicos no Rio de Janeiro.
“Não há nenhum problema diplomático do Brasil com a China. A questão do Butantan com a China é uma questão contratual. Eu espero que esse suprimento de IFA (ingrediente farmacêutico ativo) ocorra normalmente e a produção se regularize para que tenhamos, também, disponível a vacina CoronaVac, como tem sido desde o começo do ano”, afirmou o ministro.
Nesta sexta, o Butantan entregou ao governo federal a última remessa de doses, com 1,1 milhão de unidades, produzidas a partir com o lote de IFA recebido em 19 de abril. Sem contar com nova remessa da matéria-prima, o instituto paulista paralisou a produção do imunizante.
Contrariando o que diz o ministro da Saúde, o instituto paulista informou que não há entraves quanto à liberação do IFA ao Butantan por parte da biofarmacêutica Sinovac, empresa que produz os insumos da CoronaVac. “Do ponto de vista da nossa relação contratual com a Sinovac não temos nenhum problema. O problema é a liberação, que tem que ser o mais rápido possível”, disse o diretor do Butantan, Dimas Covas, em coletiva de imprensa, realizada nesta sexta (14).
Em nota, o instituto afirmou que "questões referentes à relação diplomática Brasil x China, incluindo recentes declarações de autoridades federais brasileiras interferem diretamente no cronograma de liberação de novos lotes de insumos." Segundo o Butantan, 10 mil litros do IFA estão prontos para serem enviados ao Brasil, mas a China ainda não autorizou o embarque do lote.
“Esses 10 mil litros representam cerca de 18 milhões de doses da vacina. Estão prontos, embalados, colocados em contêineres refrigerados, aguardando apenas a autorização do governo da China para serem embarcados para o Brasil. Mas isso exige o esforço da diplomacia para que essa liberação seja autorizada”, explicou o governador de São Paulo, João Doria, em coletiva de imprensa na quinta (13).
Fiocruz recebe insumos na próxima semana
Para exemplificar que o problema não é diplomático, Queiroga citou que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), inclusive, recebeu recentemente IFA proveniente da China. O último lote de insumos importado pela fundação carioca chegou ao Brasil em 24 de abril. A Fiocruz anunciou na quinta (13) que receberá mais litros de IFA na próxima semana, em 22 de maio.
No entanto, mesmo com previsão de recebimento de insumos nos próximos dias, a Fiocruz também vai enfrentar paralisações na produção da vacina de Oxford/AstraZeneca durante a próxima semana. Em nota, a entidade admitiu que “até chegada do IFA no dia 22, haverá uma interrupção na produção de alguns dias”.
“Caso haja algum impacto nas entregas, ele será avaliado e comunicado mais à frente”, avisou a fundação.
A Fiocruz entrega vacinas ao Ministério da Saúde semanalmente, sempre às sextas-feiras. Hoje (14), libera mais 4,1 milhões de doses do imunizante à pasta.
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