Anunciada nesta quarta-feira (12/5) como gestora da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, a médica infectologista Luana Araújo já alertou sobre problemas no combate à pandemia da covid-19 no Brasil e disse que hidroxicloroquina não funciona contra a doença. Em entrevista publicada, em fevereiro de 2021, no site da Universidade de Johns Hopkins (onde cursou um mestrado em epidemiologia), ela afirmou que já chegou a ser ameaçada de morte ao alertar sobre o fato de o medicamento amplamente sugerido pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, não ter eficácia científica comprovada.
Nesta quarta-feira (12/5), durante a primeira aparição pública como secretária da pasta da Saúde, Luana prometeu um trabalho “pautado nas evidências científicas”. “Essa é minha vocação natural e fico feliz que ela se alinhe aos objetivos traçados para essa secretaria. Trabalho duro pautado na tecnicidade, nas evidências científicas, buscando sempre soluções eficientes e adaptadas a nossas vulnerabilidades socioeconômicas”, ressaltou durante a cerimônia do Ministério da Saúde.
No entanto, Luana sabe que deve encontrar dificuldades para defender a ciência tendo em vista a politização da pandemia no Brasil. No decorrer da entrevista à Johns Hopkins, ela pontuou que “as pessoas não sabem em quem confiar”, afirmando também que isso prejudicou a resposta do sistema de saúde brasileiro.
Segundo ela, o país poderia ter tido uma resposta bem diferente da que teve. "Agora, estamos diante de UTI's lotadas, não investimos em testes em massa, não investimos em rastreamento. Então, infelizmente, deixamos para trás todas as coisas boas que nosso sistema tem a oferecer e respondemos de uma forma que não era para ser", afirmou.
Para tentar frear as fake news e instruir a população, Luana criou o blog ‘Des-Infectando!’, onde esclarecer os mitos e as verdades sobre as doenças infecciosas e a saúde pública. “Este blog se utiliza das fontes científicas mais atualizadas e seguras para traduzir as últimas descobertas de forma confiável, apolítica, e ética, para que você nunca mais se perca em fake news nestes assuntos”, diz a descrição do blog.
Remédios sem eficácia
A infectologista já havia afirmado em uma entrevista ao Estado de Minas que “não existe evidência de eficácia no uso de qualquer medicação no tratamento precoce da covid-19”. “O que funciona na covid-19 é um diagnóstico e uma monitorização precoce. Infelizmente, não temos tratamento”, afirmou ao EM.
No Twitter, em uma conta que já foi excluída, o Correio encontrou posts de Luana se referindo a falta de eficácia comprovada da ivermectina. “Não só não houve benefício, como os 7,5% dos pacientes (comparados com 2,5% no grupo placebo) abandonaram o estudo por efeitos adversos da medicação. E temos visto isto na prática: são casos de pancreatite, hepatite, alergia medicamentosa”, alertou sobre o uso do medicamento que também está presente na orientação do Ministério da Saúde para tratamento medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico de covid-19.
Colaborou Sarah Teófilo*
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