Três garimpeiros morreram durante ataque armado contra indígenas yanomami em Roraima, nesta segunda-feira (10/5). Ao menos outras seis pessoas ficaram feridas. A informação foi divulgada pela Hutukara Associação Yanomani. Um vídeo, divulgado pela entidade, mostra o momento dos tiros disparados pelos invasores, que, segundo a entidade, praticam a atividade ilegal na região. Mulheres e crianças estavam no local no momento do ataque. A Polícia Federal investiga o caso.
#urgente
— Thyara Pataxó (@PataxoThyara) May 11, 2021
Em Roraima, cerca de 20 garimpeiros adentraram o território do povo Yanomami disparando tiros e ferido 5 indigenas.
Não é a primeira vez que garimpeiros tentam invadir o território Indígena, várias denuncias já foram feitas e até agora nada foi feito.#SOSYANOMAMI pic.twitter.com/xMN8HPZNXq
A Hutukara Associação Yanomani denuncia que sete embarcações de garimpeiros teriam atacado a comunidade Palimiú, localizada em Alto Alegre, ao Norte do estado. Este é o terceiro conflito entre garimpeiros e indígenas em menos de 15 dias, segundo a associação.
Agentes da Polícia Federal e militares do Exército seguiram nesta terça-feira (11/5) para a comunidade depois que associação pediu que as instituições atuem "com urgência para impedir a continuidade da espiral de violência no local e garantir a segurança para a comunidade Yanomami de Palimiu".
O relato é de que os indígenas foram atacados como forma de retaliação após eles apreenderem materiais que seriam destinados ao garimpo. De acordo com o Instituto Socioambiental, o rio Uraricoera, que fica às margens da comunidade, é um dos mais afetados pelo garimpo ilegal de ouro. Segundo a associação, hoje são mais de 20 mil garimpeiros ilegais dentro da maior reserva indígena do Brasil.
Áudios que circulam em grupos de WhatsApp de garimpeiros falam em uma "facção" fortemente armada com "fuzis e metralhadoras". "Tá descendo uma canoa aqui da Facção. Mais de vinte homens armados, lá para os Americano [apelido de Missão Evangélica na Terra Indígena Yanomami]", diz um trecho da conversa transcrita pelo Instituto Socioambiental. "Vai descer agora, tudo com metralhadora, fuzil, os c* aí. Vão descendo pros Americano lá. O negócio vai pegar. Se eles matarem 10, 15 índios, o negócio pega aqui dentro", continua em outro trecho.
Pelo Twitter, a líder indígena Sonia Guajajara disse que a situação na comunidade continua tensa após o ataque. “Após ataque de garimpeiros ilegais à comunidade Yanomami de Palimiu, que deixou pelo menos cinco parentes feridos neste manhã, a situação segue tensa na região. Estamos em alerta total. Tomaremos medidas cabíveis contra essa atrocidade. Respeitem a vida Yanomami!”, disse.
Após ataque de garimpeiros ilegais à comunidade Yanomami de Palimiu, que deixou pelo menos cinco parentes feridos neste manhã, a situação segue tensa na região. Estamos em alerta total. Tomaremos medidas cabíveis contra essa atrocidade. Respeitem a vida Yanomami! #AlertaYanomami
— Sonia Guajajara (@GuajajaraSonia) May 11, 2021
A Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas (FPMDDPI) emitiu uma nota de repúdio ao ataque. “Como é de conhecimento público e das autoridades, a situação na Terra Indígena Yanomami é gravíssima face à persistentes invasões por garimpeiros. Assim considerando acima relatado, venho solicitar as averiguações e medidas emergenciais que o caso requer para assegurar os direitos constitucionais, em especial à vida e integridade física do Povo Indígena Yanomami”, escreveu a deputada Joenia Wapichana (Rede), coordenadora da FPMDDPI.
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