Sem ainda obter uma regularidade no recebimento de vacinas contra a covid-19, o Ministério da Saúde tenta antecipar a entrega de imunizantes já contratados a fim de acelerar a vacinação de brasileiros. Ontem, a pasta anunciou o adiantamento, de junho para maio, do envio de 2 milhões de doses de vacinas do consórcio internacional Covax Facility. Com a antecipação, o país receberá 4 milhões de doses do mecanismo no próximo mês.
Apesar de estar bem abaixo da capacidade do Sistema Único de Saúde, o ritmo de vacinação no Brasil parece, finalmente, ganhar consistência com as próximas entregas. Hoje está prevista a chegada do primeiro lote da vacina da Pfizer/BioNTech, com 1 milhão de doses. Amanhã, a pasta recebe 600 mil unidades da CoronaVac, do Instituto Butantan, e 6,5 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca, o maior montante entregue pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A antecipação das doses do consórcio Covax Facility foi anunciada pelo secretário-executivo da Saúde, Rodrigo Cruz, após a 3ª Reunião do Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19. “Em maio, a gente tinha uma previsão de 2 milhões de doses (do consórcio Covax Facility). Mas, com um trabalho conjunto do Ministério (da Saúde) com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), houve uma antecipação de 2 milhões de doses de junho para maio, perfazendo um total de 4 milhões para maio”, disse o secretário.
Apesar de informar a antecipação das doses, Rodrigo Cruz não detalhou quando elas chegarão, de fato, ao país. O Brasil já recebeu pouco mais de um milhão de doses de vacinas do mecanismo coordenado pela Aliança Global de Vacinas (Gavi) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No total, o país adquiriu 42,5 milhões de doses de vacinas do Covax.
Enquanto essas doses não chegam, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) continuará dispondo dos imunizantes enviados pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz.
O instituto paulista anunciou que entregará 600 mil novas doses da vacina CoronaVac ao governo federal nesta sexta-feira. O próximo envio de unidades do imunizante estava previsto para segunda-feira (3/5), mas o instituto informou que conseguiu antecipar a entrega. Assim, o Butantan fecha o mês de abril com o montante de 42 milhões de doses entregues ao Ministério da Saúde. São 4 milhões de unidades a menos do que a previsão inicial de 46 milhões de unidades enviadas até abril.
Escassez nos estados
O diretor do Butantan, Dimas Covas, informou que a solicitação de entrega antecipada foi feita diante da falta de vacinas relatada em alguns estados para a aplicação da segunda dose. “Dentro dessa necessidade, nós vamos antecipar na medida do possível toda a produção”, garantiu. Covas ainda tranquilizou as pessoas que estão com a aplicação da segunda dose da CoronaVac atrasada. “Mesmo que a pessoa tome (a segunda dose) 15 dias, 20 dias, um mês após a data prevista, não há interferência com o esquema vacinal. O importante é que tome a segunda dose após os 28 dias o quanto antes for possível", ressaltou.
A última entrega de unidades da CoronaVac ao governo federal foi feita na semana passada, em 19 de abril. Com a antecipação do próximo envio, o Butantan ficará 10 dias sem entregar vacinas ao Ministério da Saúde, mas pretende normalizar os envios ao PNI. Covas disse que na próxima quarta-feira (5/5) o instituto entregará mais 1 milhão de doses da CoronaVac. Essa próxima remessa está sendo produzida a partir do lote de 3 mil litros de ingrediente farmacêutico ativo (IFA), importado da China, suficiente para produzir 5 milhões de unidades da CoronaVac.
Para continuar a produção, o instituto paulista espera um novo lote de 3 mil litros de IFA, ainda sem previsão de chegada no Brasil. “Estamos neste momento aguardando uma posição da Sinovac em relação à entrega do próximo quantitativo de 3 mil litros. Solicitamos inclusive um aumento de 3 para 6 mil litros (de IFA) e devemos ter essa resposta brevemente para podermos entrar em um ritmo de produção acelerado”, afirmou Covas.
Reforço da Pfizer
Enquanto o Butantan sofre para regularizar o ritmo de produção diante da falta do IFA (leia mais abaixo), a Fiocruz afirma que garante entregas de vacinas até o início de junho. A fundação recebeu no último sábado (24) uma nova remessa do insumo, que dará origem a 8,9 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca. Até o momento, a Fiocruz disponibilizou ao governo federal 20 milhões de doses da vacina contra a covid-19, sendo 4 milhões importadas da Índia e 16 milhões produzidas em suas instalações. Amanhã, entregará mais 6,5 milhões de imunizantes.
Já a vacina da Pfizer, chamada de Comirnaty, chega hoje ao país e incrementa o PNI, que até então só utilizava a CoronaVac e a vacina de Oxford/AstraZeneca. A remessa de 1 milhão de doses do imunizante é a primeira do acordo de 100 milhões de vacinas firmado entre o Ministério da Saúde e a farmacêutica. Segundo a pasta, essas primeiras doses da vacina da Pfizer só serão distribuídas para as 27 capitais do país, em razão das baixas temperaturas necessárias para a refrigeração das vacinas.
A previsão é de que a distribuição comece entre amanhã e sábado. Hoje, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e o presidente regional da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, receberão a carga no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), às 19h.
Queiroga: máscaras e mais testagens
Durante o pronunciamento feito após a 3ª Reunião do Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ressaltou que, junto da campanha de vacinação, é necessário reforçar as recomendações das medidas não farmacológicas para minimizar os efeitos da pandemia. Queiroga reiterou o uso de máscaras e o distanciamento entre as pessoas. Além disso, indicou que o Ministério da Saúde irá lançar, em breve, um programa de testagem da população com testes com antígeno, que segundo ele são mais rápidos. “Para assim conseguir identificar aqueles casos positivos e adotar uma política melhor de quarentena para indivíduos afetados pela covid-19. E assim reduzir a transmissão dessa doença”, afirmou o ministro.