Pandemia

Queiroga: grupos prioritários serão vacinados até setembro

Ministério da Saúde calcula que todo o grupo prioritário terá recebido a primeira dose da vacina contra a covid-19 até junho e a segunda até setembro

O Ministério da Saúde acredita que será possível concluir a vacinação contra a covid-19 de todos os grupos prioritários do país até setembro. A perspectiva foi apresentada nesta quarta-feira (21/4) pela pasta, que promete encaminhar mais 3,4 milhões de doses para os estados brasileiros nesta semana.

"O processo de vacinação no Brasil tem ocorrido de forma cada vez mais célere. Se continuar nesse ritmo, até setembro vamos atingir a população prevista no PNI [Plano Nacional de Imunização]", afirmou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Francieli Fantinato acrescentou que a pasta espera aplicar a primeira dose da vacina contra a covid-19 em todos os 77,2 milhões de brasileiros dos grupos prioritários até a primeira quinzena de junho. Devido ao intervalo necessário para a aplicação da segunda dose, que chega a 84 dias no caso da AstraZeneza, a imunização seria encerrada até setembro.

Atrasos

Para cumprir esse cronograma, o Ministério da Saúde vem realizando reuniões semanais com a Fiocruz e o Butantan, que são os maiores fornecedores de vacinas do país, para acompanhar o ritmo de entrega das doses. Francieli admitiu, no entanto, que atrasos na entrega das vacinas podem interferir esse cronograma e, consequentemente, postergar o plano de vacinação.

Na semana passada, por exemplo, o Butantan paralisou a produção da Coronavac por conta da falta de insumos. A produção foi retomada só na noite dessa terça-feira (20/04), depois que o instituto recebeu 3 mil litros do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) da China. O material deve ser suficiente para a produção de 5 milhões de doses, por isso o Butantan já está na expectativa de outro lote de IFA da China.

Queiroga, por sua vez, destacou que o governo tenta adquirir outras doses da vacina contra a covid-19 para, se possível, até antecipar esse cronograma. O governo negocia a compra de 100 milhões de doses da vacina da Pfizer, por exemplo. Além disso, pode ter acesso a 20 milhões de doses da Covaxin e a 10 milhões de doses da Sputinik caso essas vacinas sejam aprovadas pela Anvisa.

Prazo para STF

O ministro da Saúde também se comprometeu a atualizar o cronograma de entrega de vacinas contra a covid-19 dentro do prazo de cinco dias úteis estipulado pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (20/04). "Faremos isso dentro do prazo legal", assegurou.

A decisão de Lewandowski é fruto de uma ação da Rede Sustentabilidade que questiona a decisão do governo "de não mais divulgar cronograma detalhado de recebimento de doses de imunizantes contra a COVID-19 para operacionalização do Plano Nacional de Imunização (PNI)". O cronograma que consta no site do Ministério da Saúde foi atualizado pela última vez em 19 de março, isto é, poucos dias antes de Queiroga tomar posse como ministro da Saúde.

Comorbidades e gestantes

O Ministério da Saúde pretende dar início à vacinação de pessoas com comorbidades a partir do próximo mês. A ideia é imunizar os brasileiros que têm doenças que podem agravar os sintomas da covid-19, como problemas no coração e no pulmão, diabetes e hipertensão. A pasta ressaltou, por sua vez, que a vacinação também ocorrerá por faixas etárias: primeiro será liberada para as pessoas de 55 a 59 anos, depois de 50 a 54 anos e assim por diante.

"Nesse momento, estamos vacinando de 60 a 64 anos. No próximo mês, vamos entrar no grupo de comorbidades. É um grupo bastante denso. São em torno de 17 milhões de brasileiros. Então, vamos usar a estratégia de faixa etária de vacinação", explicou Francieli. Ela lembrou também que essas pessoas devem provar que têm essas doenças, por meio de prontuários médicos, por exemplo, para ter direito à vacina.

O Ministério da Saúde também vai avaliar, a partir desta quinta-feira (22/4), a inclusão de grávidas no plano nacional de imunização. Segundo a coordenadora do PNI, mulheres grávidas já podem se vacinar se estiverem em algum grupo de risco contra a covid-19, como é o caso de pessoas com comorbidades. Porém, o governo também vai estudar a inclusão das demais gestantes no grupo prioritário da vacinação, já que a covid-19 oferece riscos maiores de complicação da gravidez.

Uma nova versão do Plano Nacional de Imunização, contudo, já deve ser divulgada nesta semana pela pasta, com a inclusão de grupos prioritários como os profissionais da limpeza urbana.