Contrário a medidas extremas como o lockdown nacional, o Ministério da Saúde pretende publicar orientações sanitárias a estados e municípios neste momento crítico da pandemia. O documento será acompanhado por diretrizes de tratamento de pacientes com covid-19 e campanhas estimulando o uso de máscaras e a ampliação da testagem. “Em situação de pandemia, o ministério tem que trazer essa responsabilidade. Mas a gestão federal não pode interferir na local. O que vamos fazer são recomendações e, se precisar de assessoramento técnico, estamos prontos e vamos oferecer", destacou o líder da pasta, Marcelo Queiroga.
Em conversa com jornalistas, ontem, o ministro voltou a se posicionar contra decisões restritivas extremas por ordem federal. “O Brasil é um país de dimensões continentais. Uma medida homogênea, linear, certamente não vai funcionar. É necessário disciplinar, determinar as condutas com medidas para evitar cenários extremos”, disse o ministro. Ele defende, sobretudo, o uso de máscaras, inclusive dentro de casa, caso haja grande movimentação dos residentes.
O documento do Ministério da Saúde não prevê punições a quem descumprir as orientações. “Há dificuldade das pessoas aderirem às medidas, não é uma questão simples”, alegou Queiroga. Para fortalecer a adesão, o ministro frisou a necessidade de uma campanha forte, com um direcionamento alinhado entre a gestão tripartite.
Na prática, o principal foco do documento é direcionado à adoção de um protocolo sanitário para o transporte público, considerando ser este um dos principais gargalos atuais que têm colaborado para a disseminação do vírus.
Segundo o secretário-executivo da pasta, Rodrigo da Cruz, ainda que haja medidas restritivas de circulação de pessoas, os trabalhadores de serviços essenciais não pararam, e o uso dos coletivos faz parte da rotina do grupo. “É extremamente importante, e essa é a missão que o ministro nos passou, que tenhamos protocolos e procedimentos para transporte público”. Entre as estratégias pensadas está a testagem de passageiros e trabalhadores do setor.
Para ampliar a testagem, a pasta considera a liberação do estoque armazenado na central de logística. “Algo em torno de 1,8 milhão de testes com validade até 31 de maio”, completou da Cruz. “Se não previne com bloqueio o vírus, agora, daqui a duas semanas teremos uma estrutura [de saúde] mais demandada ainda”, justificou da Cruz, defendendo ser esta uma estratégia sanitária necessária.