Após se posicionar contra uma medida restritiva extrema a nível nacional para conter a disseminação da covid-19, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou a jornalistas, nesta terça-feira (13/4), que trabalha na elaboração de protocolos que sirvam como estratégia alternativa para barrar a transmissão da doença. Segundo o médico, um documento com orientações a estados e municípios deve ser publicado ainda esta semana e será acompanhado de ações de campanha publicitária.
"O Brasil é um país de dimensões continentais e uma medida homogênea, linear, certamente não vai funcionar. É necessário disciplinar, determinar as condutas com medidas para evitar cenários extremos", disse o ministro, defendendo, sobretudo, o uso de máscaras, inclusive dentro de casa, caso haja grande movimentação dos residentes, com mais riscos de um contaminado trazer a doença para o ambiente domiciliar.
Uma determinação, com previsão de punições a quem descumprisse as orientações, não é considerada por Queiroga. "Há dificuldade das pessoas aderirem às medidas, não é uma questão simples". Para fortalecer a adesão, o ministro frisou a necessidade de uma campanha forte, com um direcionamento alinhado entre a gestão tripartite.
Na prática, o principal foco do documento é direcionado à adoção de um protocolo sanitário para o transporte público, considerando ser este um dos principais gargalos atuais que têm colaborado para a disseminação do vírus.
Segundo o secretário-executivo da pasta, Rodrigo da Cruz, ainda que haja medidas restritivas de circulação de pessoas, os trabalhadores de serviços essenciais não pararam e o uso dos coletivos faz parte da rotina do grupo. "É extremamente importante, e essa é a missão que o ministro nos passou, que tenhamos protocolos e procedimentos para transporte público". Entre as estratégias pensadas está a testagem de passageiros e trabalhadores do setor.
Para ampliar a testagem, a pasta considera a liberação do estoque armazenado na central de logística. "Algo em torno de 1,8 milhão de testes com validade até 31 de maio", completou da Cruz. Por estarem próximo do prazo de validade, o destino destes insumos é cobrado pelo Tribunal de Contas da União e o secretário-executivo reconheceu que este uso, bem como o aumento de diagnósticos para fazer controle da disseminação do vírus, é uma preocupação da pasta.
"Se não previne com bloqueio o vírus, agora, daqui a duas semanas teremos uma estrutura [de saúde] mais demandada ainda", justificou da Cruz, defendendo ser esta uma estratégia sanitária necessária.
Assistência
Para além das medidas sanitárias, o ministro também afirmou que soltará um documento direcionado às questões assistenciais médicas. "O ministério precisa fazer uma disciplina para centrar o foco nas ações que efetivamente podem ajudar, como o momento certo de entubar, a técnica adequada".
Segundo Queiroga, o treinamento dos profissionais especializados no atendimento das gravidades também deve ser priorizado. "Trouxemos as sociedades médicas de volta ao ministério, voltamos a ter uma discussão ampla, científica [...]. O presidente me deu autonomia para constituir uma equipe técnica e eu procurei pessoas que julgo que têm qualificação para dar as respostas que a sociedade precisa", completou.