PANDEMIA

Cientistas encontram nova variante do coronavírus em BH

Duas amostras coletadas em fevereiro contêm uma alteração nunca vista anteriormente

Cientistas encontraram nova variante do coronavírus potencialmente perigosa em Belo Horizonte e cidades da região metropolitana. Duas amostras, das 85 avaliadas, continham a presença de um conjunto de 18 mutações nunca encontradas anteriormente.

Segundo os pesquisadores, os resultados demandam urgência de esforços de vigilância genômica em Minas Gerais para a avaliação da situação das novas cepas. Ainda não se sabe se a variante tem maior transmissibilidade ou é mais agressiva no paciente.

O estudo é feito pelo Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais e o Setor de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Pardini, em colaboração com o Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).

A equipe analisou 85 amostras do vírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19, coletadas entre 28 de outubro de 2020 e 15 de março de 2021, pelo método de diagnóstico RT-PCR. Todas são da Região Metropolitana de Belo Horizonte e foram identificados dois novos genomas com mutações ainda não descritas, ou seja, amostras de uma possível nova variante do coronavírus, que ainda não tinha sido encontrada.

Segundo a pesquisa, os resultados mostraram um aumento das variantes de P.1, P.2 e B.1.1.7 na RMBH. Das 85 análises, foram encontradas: P.1 (30 amostras- 35,29%), P.2 (41 amostras- 48,23%), B.1.1.28 (8 amostras- 9,41%), B.1.1.7 (3 amostras- 3,53%), B.1.1.143 (1 amostra- 1,17%), B.1.235 (1 amostra- 1.17%) e B.1.1.94 (1 amostra- 1.17%).

As variantes P.1, P.2 e B.1.1.7 possuem mutações críticas em um gene que codifica a proteína de espícula viral, conhecida pelo símbolo ‘S’. As alterações E484K ou N501Y estão envolvidas no aumento da transmissibilidade e no escape imunológico.

O tipo de mutação N501Y está presente nas variantes P.1 e B.1.1.7, e recentemente foi associada ao aumento de aproximadamente 60% no risco de mortalidade em indivíduos infectados no Reino Unido.

Duas amostras continham a presença de um conjunto de 18 mutações nunca vistas. Os estudos indicam que elas são descendentes da linhagem B.1.1.28, que já circula em BH desde a primeira fase da pandemia.

Uma das novidades nas amostras é exatamente as novas mutações nas posições E484K ou N501Y, que já estão presentes nas variantes P.1, P.2, B.1.1.7 e B.1.1.351.

Esses dois novos genomas são de amostras coletadas nos dias 27 e 28 de fevereiro, e por serem de pessoas distintas, sem parentesco e nem morarem próximas, os pesquisadores reforçaram a possibilidade de circulação da possível nova variante.

*Estagiária sob supervisão do editor Álvaro Duarte