O senador Eduardo Gomes (MDB-TO) apresentou um projeto de lei para transformar o pequi em um patrimônio cultural imaterial do Brasil.
“O aprimoramento da indústria e das técnicas de conservação vêm permitindo que o alimento seja consumido por todo o ano no Brasil e no exterior. Se antes o fruto tinha baixo valor de mercado, dada a abundância das safras somada à pouca divulgação e do consumo majoritariamente in natura, hoje, sua crescente popularidade tem levado as atividades de extrativismos e beneficiamento do pequi a níveis cada vez maiores de representatividade na economia de municípios brasileiros”, justifica o parlamentar.
Na proposta do projeto de lei 862/2021, o senador relata que o pequi está nos costumes dos territórios de Goiás e Tocantins desde quando formavam apenas um só estado. O político lembra que apesar de ser amado pelos brasileiros, “é importante lembrar que ninguém espera encontrar pequi em um restaurante mineiro, carioca ou paulista. Afirmar que a fruta é menos goiana ou tocantinense, além de apropriação cultural, seria absurdo comparável a dizer que, por ser amado e consumido no Espírito Santo, o acarajé é capixaba”, argumenta o senador.
“Quando se pensa no pequi, se pensa quase que imediatamente no jeito goiano-tocantinense de viver a vida. O alimento remete às paisagens do cerrado, com suas cachoeiras, planaltos, lobos-guará e seriemas”, conta Eduardo Gomes.
De acordo com informações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), um patrimônio cultural imaterial “gera um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana”.
Disputa entre estados
Meses atrás, o pequi foi alvo de disputa entre Minas Gerais e Goiás. A cidade de Montes Claros, no norte de Minas, é considerada a 'capital do pequi' e organiza uma festa nacional celebrando o fruto. Por isso, o deputado federal Marcelo Freitas (PSL-MG) elaborou um projeto para legalizar o título para a cidade mineira. A ideia trouxe a reação dos goianos, entre eles estava o governador Ronaldo Caiado (DEM).
O governador afirmou que o pequi faz parte da cultura goiana em uma postagem. Ele ainda disse: “Já vamos fazer um acordo aqui: a gente deixa o 'trem' e o pão de queijo pra vocês mineiros, e em troca ninguém mexe no nosso pequi”.
Em resposta, o deputado Marcelo Freitas convidou Ronaldo Caiado para “degustar o genuíno arroz com pequi montesclarense, o melhor do Brasil”.
* Estagiário sob supervisão de Lorena Pacheco