Agência Estado
postado em 04/04/2021 20:37
Uma projeção feita pela Universidade de Washington, dos Estados Unidos, aponta que, até 1º de julho, o Brasil pode alcançar a marca de 562,8 mil mortes em decorrência da covid-19.
Até hoje, a pandemia já provocou 330,2 mil óbitos no País, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa. Caso a projeção se confirme, será uma alta de 70,4% em pouco menos de três meses.
O estudo, feito pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), ligado à universidade, prevê três cenários. O número de 562,8 mil mortes refere-se ao cenário mais provável, no qual vacinas são distribuídas sem atrasos, governos determinam novas medidas restritivas com duração de seis semanas toda vez que o número de mortes diárias ultrapassar 8 casos por milhão de habitantes (hoje, esse índice chega a 13), vacinados deixam de usar máscaras somente três meses após a segunda dose, entre outras variáveis.
Em um cenário mais positivo, que considera os mesmos pontos do anterior, mas com a diferença de que 95% da população estaria usando máscaras, o número de óbitos estimado cai para 507,7 mil, o que ainda representaria um salto expressivo de 53,7% no número de vítimas, mas também 55 mil vidas salvas pelo simples uso da proteção fácil. A mudança de comportamento, porém, não deverá ser fácil já que a estimativa do IHME é de que, hoje, somente 69% dos brasileiros usem máscara sempre que saem de casa.
Já no pior cenário, no qual variantes mais transmissíveis se espalham por locais sem registro de novas cepas e pessoas vacinadas deixam de usar máscaras apenas um mês após a segunda dose e aumentam sua mobilidade a níveis pré-pandemia, o número de mortes estimado é de 597,7 mil.
Os pesquisadores do IHME estimam ainda que o pico de mortes diárias do Brasil deve ocorrer em 24 de abril, quando o País pode alcançar 3.930 óbitos. De acordo com o instituto, só a partir daí os números começariam a baixar, mas, pela projeção do cenário mais provável, ainda continuariam acima de mil em julho. O modelo do IHME é o que tem embasado as políticas de saúde da Casa Branca.
Crescimento de mortes projetado para o Brasil é 7 vezes maior que o estimado para os EUA
O Brasil tem hoje o segundo maior número de vítimas do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que contabiliza 554,5 mil mortes, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins.
A previsão para os EUA é que, até julho, o número de óbitos cresça de forma muito menos acelerada do que no Brasil, alcançando 609,1 mil registros. Isso representaria um aumento de 9,8%.
Enquanto o Brasil vive o pior momento da pandemia, com recorde de mortes e hospitais colapsados, os EUA começam a retomar a normalidade graças ao seu acelerado programa de vacinação. De acordo com dados do site Our World in Data, vinculado à Universidade de Oxford, 31% da população americana já recebeu ao menos uma dose do imunizante contra covid.
As projeções pessimistas para o Brasil ocorrem em um momento no qual o País, ao contrário dos EUA, sofre com a escassez de doses e tem encontrado dificuldade para imprimir um ritmo mais acelerado a sua campanha de vacinação, com apenas 9% da população já tendo recebido ao menos a primeira dose.
Já a quantidade de pessoas que foram inoculadas com as duas doses da vacina é de 2,52%, segundo dados mais recentes compilados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às Secretarias Estaduais da Saúde.
Segundo a epidemiologista Ethel Maciel, apenas em abril o País pode registrar 100 mil mortes pela doença e, caso as previsões se confirmem, a tendência é que o Brasil ultrapasse os Estados Unidos em número de mortes até agosto.
"Acaba de sair a projeção atualizada da pandemia pela Universidade de Washington. Resumo do Brasil: 562.863 mortos até o dia 1° de julho, cem mil só neste mês de abril. Nesse ritmo, devemos superar os Estados Unidos em números absolutos em agosto. Triste!", escreveu ela em sua conta no Twitter.
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