O Brasil bateu, ontem, um novo recorde de mortes pela covid-19 ao confirmar 3.780 óbitos, em 24 horas, e somar 317.346 vidas perdidas. O número registrado de segunda-feira para ontem supera o total registrado em semanas inteiras, entre outubro e novembro de 2020, quando o país observava uma queda nas notificações diárias.
A escalada nas mortes e casos da doença ocorre no Brasil desde o final de fevereiro, na semana epidemiológica 8 (21 a 27 de fevereiro), após as festas de fim de ano. Sem dar trégua, o registro de casos continua puxando a média móvel para cima e o Ministério da Saúde computou mais 84.494 infecções. O país ultrapassou a marca dos 3 mil óbitos em 23 de março e a contagem vem sendo puxada por São Paulo — que, ontem, voltou a ultrapassar as mil vidas perdidas em 24 horas pela quarta vez: 1.209, totalizando 73.492 vítimas.
A situação do Brasil é tão crítica que os óbitos de ontem da covid-19 representam, segundo a plataforma Worldometers, quase a soma dos nove países com mais registros diários de mortes: Estados Unidos (872), Itália (529), Polônia (461), Rússia (409), Índia (355), França (348), Ucrânia (286), Hungria (274) e Alemanha (234) — total de 3.750, conforme dados coletados às 22h.
No mesmo dia em que o número de mortes diárias se aproximou das 4 mil, entidades estudantis organizaram atos em diversas cidades, por ocasião do Dia Mundial da Juventude. As manifestações pediram “vida, pão, vacina e educação” e a saída do presidente Jair Bolsonaro. Organizados pela União Brasil Brasileira dos Estudantes Secundaristas, União Nacional dos Estudantes e Associação Nacional de Pós-Graduandos, os protestos aconteceram em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Teresina, Manaus e Brasília.
Procedimento
Os números crescentes da covid-19 têm levado não apenas à formação de filas para ocupar um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas à criação de protocolos com os perfis de quem poderá ocupá-lo. Em Santa Catarina foi estabelecido um rol de procedimentos cujo objetivo, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, é “tornar transparente e impessoal os critérios de eleição de pacientes” para aquele que terá direito à vaga.
O documento foi recomendado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede), pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP). “Desde antes do surgimento da covid-19, já era recomendado o protocolo da Amib para todo paciente que desse entrada na UTI. Nesse caso, o paciente precisa ser avaliado do potencial benefício da unidade para ele”, diz a nota oficial da secretaria de Saúde catarinense.
Em abril do ano passado, quando a crise sanitária mundial começava a avançar, a Amib elaborou o Protocolo de Alocação de Recursos em Esgotamento Durante a Pandemia por Covid-19. Feito por uma comissão técnica de intensivistas, já se previa o colapso do sistema de saúde, de forma que “decisões em relação a quais pacientes serão alocados os recursos escassos tornar-se-ão inevitáveis”.