Ocupação de UTIs

Brasil tem 6,3 mil pessoas à espera de UTI para covid-19, diz Conass

Segundo Carlos Lula, presidente do conselho de secretários de Saúde, o sistema vive um colapso e é preciso tomar medidas urgentes. País ultrapassou a marca das 300 mil mortes causadas pelo novo coronavírus

Até esta quinta-feira (25), 6.370 brasileiros aguardavam um leito de UTI para tratamento de covid-19. A informação é do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e foi obtida pelo "Jornal Nacional", da TV Globo. Segundo o presidente do conselho, Carlos Lula, a situação é de colapso no sistema de saúde. A falta de disponibilidade de leitos, na sua avaliação, deve aumentar o número de óbitos.

A afirmação vem em um momento no qual as mortes por covid-19 no Brasil crescem em uma velocidade jamais vista desde o começo da pandemia. O país registrou, segundo o Ministério da Saúde, 2,7 mil óbitos nas últimas 24 horas, e alcançou o patamar de 303,5 mil vidas perdidas. O número de infectados, de quarta-feira para ontem, bateu recorde e passou de 100 mil pela primeira vez.

“Hoje, mais de 6 mil pacientes esperam leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Isso significa o colapso do sistema de saúde; significa que a gente chegou ao limite”, disse disse Lula. Ele afirmou, também, que a falta de leitos é uma negação de direitos a quem precisa. “É exatamente o contrário do que prega a Constituição, que diz que a saúde é um direito de todos e dever do Estado. É o dever que a gente não está conseguindo cumprir nesse momento”, complementou.

No Brasil, segundo levantamento do jornal O Globo, pelo menos três estados não têm mais leitos de UTI disponíveis, e outros 14 estão à beira do colapso. É o caso de Amapá, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

O Ministério da Saúde afirma que tem dado o apoio necessário aos estados e acompanhado a situação dos sistemas de saúde das unidades da Federação. Na última semana, o médico cardiologista Marcelo Queiroga tomou posse na pasta no lugar do general Eduardo Pazuello, criticado por ter contribuído para o agravamento da crise sanitária que o país enfrenta.

Queiroga assinou um acordo, no Rio de Janeiro, para ceder leitos de hospitais federais para uso do estado — ao todo, serão 560. Uma parte dessas vagas será administrada por uma rede de hospitais particulares, a Rede D’Or. Ele afasta, no entanto, a possibilidade de apoiar um eventual lockdown nacional.

Para o Conass, porém, as ações contra a pandemia precisam ser mais efetivas. O conselho pretende reforçar ao ministério a urgência de abrir novos leitos de UTI e disponibilizar insumos hospitalares, tal como remédios para intubação e cilindros de oxigênio — que já estão em falta em alguns locais do país.