O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, disse, nesta segunda-feira (29/3), que o nome do policial militar Wesley Góes poderá ser incluído na lista de Personalidades Negras da instituição. O PM de 38 anos morreu no domingo (28/3), após ter um surto psicótico e atirar contra agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), em Salvador (BA).
Desde a confirmação da morte de Góes, existe um movimento encabeçado por apoiadores do governo federal com o objetivo de transformar o militar em uma espécie de "mártir" contra as medidas de restrição da circulação impostas por governadores para conter a pandemia de covid-19 no Brasil.
Segundo Camargo, as palavras de Wesley antes de ser baleado "expressam a indignação dos trabalhadores brasileiros ante a truculência e o autoritarismo". "Temos informações preliminares de que a conduta do PM Wesley Góes era exemplar, o que considero provável. Assim que houver confirmação oficial da reputação ilibada dele como soldado, a Palmares procederá à justa homenagem", anunciou Camargo.
O nome do PM Wesley Góes poderá ser incluído na lista de Personalidades Negras da Fundação Palmares caso atenda aos critérios da portaria 189/2020. As palavras dele, antes de ser baleado, expressam a indignação dos trabalhadores brasileiros ante a truculência e o autoritarismo.???????? pic.twitter.com/2zu1bGFH6P
— Sérgio Camargo (@sergiodireita1) March 29, 2021
Desde que assumiu o comando da instituição, em novembro de 2019, as declarações de Camargo têm repercutido por causa do teor polêmico. No caso da lista de Personalidades Negras, Camargo assinou uma portaria, em novembro de 2020, redefinindo as diretrizes para a seleção e publicação, no site do órgão, de nomes e biografias das personalidades notáveis negras.
Atualmente, só são permitidas homenagens póstumas. Com isso, nomes como Marina Silva, Milton Nascimento e Gilberto Gil deixaram a lista. A portaria de novembro estabelece outros critérios para constar na lista, que deve ser aprovada pela diretoria da instituição, como por exemplo: a relevante contribuição histórica no âmbito de sua área de conhecimento ou atuação; os princípios defendidos pelo Estado brasileiro; outros critérios que poderão ser avaliados, de forma motivada, no momento da indicação.
Soldado morto após surto
A ocorrência que terminou na morte do PM começou por volta das 14h do domingo, quando o militar chegou armado com fuzil e pistola, na região do Farol da Barra, uma área turística de Salvador.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), a negociação com o soldado durou aproximadamente três horas e ele alternava momentos de lucidez com acessos de raiva, acompanhados de disparos. Além dos tiros de fuzil, o soldado arremessou grades, isopores e bicicletas no mar. Três viaturas de quatro rodas também foram desengrenadas e direcionadas para guarnições que isolavam o local.
Segundo a nota do órgão, aproximadamente às 18h35, o soldado verbalizou que havia chegado o momento, fez uma contagem regressiva e iniciou os disparos contra as equipes do Bope. "Após pelo menos 10 tiros, o soldado foi neutralizado e socorrido", diz o texto. Ele foi levado ao Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
"Os nossos objetivos primordiais são preservar vidas e aplicar a lei. Buscamos, utilizando técnicas internacionais de negociação, impedir um confronto, mas o militar atacou as nossas equipes. Além de colocar em risco os militares, estávamos em uma área residencial, expondo também os moradores", declarou o comandante do Bope, major Clédson Conceição.
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