A pandemia da covid-19 impactou a previsão de mortes por causas naturais em 2020, gerando um aumento de 22%, com mais de 275,5 mil perdas a mais do que os cálculos estimados para o ano. O levantamento segue uma recomendação das autoridades internacionais para avaliar de forma mais fiel a interferência direta e indireta do coronavírus dentro das fatalidades que não foram definidas como violentas, ou seja, que ocorreram em razão de crimes ou acidentes.
O estudo foi realizado pela organização Vital Strategies e divulgado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Ao longo do ano, os dados permitiram observar uma explosão de mortes justamente nos períodos de pico da covid-19, sofrendo variações de acordo com a região, principalmente na primeira onda da pandemia.
Os excessos começaram a ser observados na região Norte, a partir da semana 18, quando os registros foram 165% maiores do que o esperado. Já no Centro-Oeste o pico ocorreu na semana 33, com 84% além do esperado. A discrepância na região Sul ocorreu de forma mais intensa na semana 49, com incremento de 44%.
Vale destacar que foi a partir da região que a pandemia começou a se configurar, quando ainda não havia uma sincronia de infecção, como se estabeleceu a partir da segunda onda. É o que explica o coordenador da Câmara Técnica de Epidemiologia do Conass, Nereu Henrique Mansano. "No fim de 2020, os números indicam um outro panorama, com uma tendência de aumento do excesso de mortalidade já em todo o país.
Além das variações inter-regionais, houve diferenças de percentuais também por idade e sexo. Enquanto o aumento anual na população idosa foi de 20%, para as pessoas com até 59 anos, os óbitos por causas naturais superaram a expectativa em 32%. Em relação ao sexo, enquanto o incremento de fatalidades não violentas dos homens foi de 25% acima do esperado, no caso das mulheres foi de 19%.
Os óbitos esperados em 2020 foram projetados com base nos dados do Sistema de informações sobre Mortalidade (SIM – Ministério da Saúde) entre 2015 e 2019. Os óbitos observados em 2020 tiveram como fonte os dados do Portal da Transparência do Registro Civil, da Central de Informações do Registro Civil (CRC), sendo aplicada metodologia para correção de sub-registro.
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