A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou, nesta sexta-feira (12/3), a autorização de um medicamento antiviral para o tratamento da covid-19. Foi a primeira vez que a entidade aprovou um remédio com indicação em bula para a doença no país. O antiviral Remdesivir foi desenvolvido para auxílio no combate do ebola, mas não obteve bons resultados durante a pandemia da doença. Mostrou, porém, ser eficiente no tratamento de pacientes que foram infectados por outros tipos de coronavírus, responsáveis por causar o vírus dos tipos SARS e MERS. Assim, algumas nações passaram a usá-lo para auxiliar no tratamento da covid-19. A Anvisa anunciou, ao mesmo tempo, o registro definitivo da vacina da Oxford e da AstraZeneca, contra a covid 19, produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Remdesivir é o primeiro medicamento autorizado no Brasil com este fim. “Estamos enfrentando um momento muito complicado”, admitiu o gerente-geral de Medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes. O medicamento já é aprovado para uso temporário em mais de 50 países, entre eles, Estados Unidos, Canadá, União Européia, Israel, Austrália, Japão, Hong Kong e Coréia do Sul. No Brasil, o medicamento está em fase de estudos desde junho de 2020 no Brasil. À época, ele foi autorizado pela Anvisa para ser usado em pacientes hospitalizados e que desenvolveram pneumonia grave provocada pelo SARS-CoV-2.
Nos EUA, o seu uso acontece desde novembro do ano passado. A empresa responsável pela fabricação do remédio, a Gilead Brasil, informou que um estudo realizado pelo Instituto Nacional Americano de Saúde (NIH - National Institutes of Health) mostrou rápida recuperação em pacientes infectados que tomaram o medicamento. A pesquisa foi realizada com 1.063 pacientes nos Estados Unidos, Ásia e Europa, e mostrou que pacientes com casos leves da covid-19 e que tomaram o Remdesivir tiveram uma recuperação cinco dias mais rápida que aqueles que não tomaram. Em casos graves, a recuperação foi sete dias mais rápida.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), porém, não recomenda o uso do remédio. A OMS reconhece que é possível que ele seja benéfico para alguns pacientes, mas a não evidência de riscos associados ao remédio, a falta de comprovação clínica de eficácia e o seu alto custo foram fatores para desaconselhar o uso do medicamento.
O British Medical Journal publicou um artigo no último ano em que esclarece que “o Remdesivir tem recebido atenção mundial como um tratamento potencialmente eficaz para casos graves de covid-19 e é cada vez mais usado para tratar pacientes hospitalizados. Mas seu papel na prática clínica permanece incerto”.
Quem deve tomar o remédio?
O Remdesivir não previne a covid-19, o seu uso é para tratamentos de casos mais evoluídos de pacientes já infectados. No Brasil, a Anvisa indicou o uso para adultos e adolescentes com idade igual ou superior a 12 anos e que pesem, no mínimo, 40 kg, que desenvolveram pneumonia, que precisam de oxigenação suplementar de baixo ou alto fluxo, ou outra ventilação não invasiva. Pacientes entubados não devem usar o remédio.
Onde compro o Remdesivir?
O medicamento não vai ser vendido em farmácias e será administrado, única e exclusivamente, por hospitais para tratar pacientes que desenvolveram quadros evoluídos da covid-19, como citado acima.
Com esse remédio, vou precisar de vacina?
É importante ressaltar que todos devem ser vacinados. A vacina contra a covid-19 é a única que pode prevenir casos graves e até a infecção pela doença. Até o momento, não há medicamento que possua o mesmo efeito. O Remdesivir é indicado para o tratamento daquelas pessoas que estão hospitalizadas devido à covid-19.
Ele possui efeitos colaterais?
Durante coletiva de imprensa hoje, a Anvisa relatou alguns dos efeitos adversos que o medicamento pode causar no paciente em que ele é administrado. Entre eles, estão lesão renal aguda e insuficiência respiratória. Já na análise da Agência Europeia de Medicamentos (EMA - European Medicines Agency) problemas no fígado foram frequentemente desenvolvidos por quem tomou o medicamento e, para os pacientes com covid-19, a náusea foi relatada.
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