Nesta quarta-feira (10/03), integrantes da União dos Policiais do Brasil (UPB), que representa entidades de policiais de vários segmentos do país e é formada por ao menos 24 instituições da área de segurança pública, promoveram uma coletiva de imprensa para comentar a aprovação da PEC que libera o auxílio. Eles ameaçam uma paralisação e o rompimento com o governo atual.
Os representantes da UPB alegaram que a categoria sempre contribuiu com a sociedade. Edvanir Paiva, presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (AFPD), comentou que, na PEC da Previdência, não viu o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, exigindo o sacrifício das categorias militares. “Nós vimos, em todos os momentos de arrocho dos policiais, que estão na frente de batalha em todos os momentos, inclusive na pandemia, falas do governo federal dizendo de contribuições, de necessidade que as categorias dessem sua cota de participação”, comentou o dirigente.
Edvanir Paiva ressaltou que as categorias tiveram salários reduzidos a partir da reforma da Previdência, estão com salários congelados, desde 2016 não encaminham nenhum tipo de negociação salarial, nem para reposição de perdas inflacionárias. “ Nosso povo está morrendo para trabalhar. Qual é mais o sacrifício que nós temos de fazer, vice-presidente da República?”, questionou Paiva.
Lockdown ao funcionalismo
André Luiz Gutierrez, presidente da Confederação Brasileira dos Policiais Civis (Cobrapol), disse que a categoria não está satisfeita com os trâmites da PEC Emergencial no Congresso. Alegou que os gatilhos de congelamento de salários, contratações e progressões nas carreiras impõem um “lockdown ao funcionalismo”, especialmente das forças de segurança. “Essa PEC decreta o bloqueio da segurança pública e a categoria vai reagir”, diz. André também classifica a inclusão do auxílio emergencial no texto como um tipo de chantagem para forçar a votação.
A categoria não especificou que tipo de reação tomaria, mas descartou a possibilidade de paralisação e rompimento com o governo atual. Marcelo Azevedo, vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), mencionou: “Não precisamos fazer greve, só podemos fazer um lockdown”. As forças policiais criticam o governo, que a gestão joga contra o funcionalismo e a segurança, por não cumprir as promessas de fortalecimento da categoria. A insatisfação, no entanto, não é um sinal de rompimento.
Os agentes reclamaram, ainda, do tratamento dispensado aos profissionais de segurança. Eles se queixam de que não são considerados um grupo prioritário para a vacinação, mas continuam trabalhando apesar da pandemia do coronavírus.
Em nota, a UPB criticou a conduta do governo ante a disseminação da covid-19. “O Governo brasileiro se aproveitou de um momento de calamidade e comoção para passar um pacote de medidas fiscais que em nada contribuirão para o arrefecimento da pandemia, que precisa ser erradicada com auxílio financeiro compatível, vacinas, distanciamento e uso de máscaras, e não por meio do desmonte do serviço público brasileiro”, protestou a entidade.
Sucateamento
A nota também afirmou que a PEC 186, aprovada ontem pela Câmara dos Deputados, desestrutura o serviço público ao vedar, por até 15 anos, as recomposições, já congeladas desde 2016, promoções e progressões e contratação de servidores, levando ao sucateamento dos órgãos e, notadamente da segurança pública brasileira, que mesmo durante a pandemia não paralisou suas ações, mantendo o trabalho presencial, a proteção à população e o combate ao crime organizado.
"As medidas em curso, de enfraquecimento do serviço público e em especial da segurança pública, divergem do interesse do povo brasileiro e em nada se coadunam com as inúmeras promessas de campanha feitas no sentido de fortalecimento dos policiais brasileiros", prosseguiu o texto.
Por fim, a UPB anunciou que, "diante da inércia do governo e da tentativa de desinformar a população brasileira da realidade e da importância do serviço público, manifestamos profundo repúdio à forma como os servidores, dentre eles os profissionais de segurança pública, vêm sendo tratados e anunciamos que a mobilização de todas as categorias se inicia imediatamente.
*Estagiária sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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