Pandemia

Estado de SP interna 3 pacientes por covid a cada 2 minutos

"Nós vamos continuar abrindo leitos e vagas dentro dos hospitais. Abriremos em qualquer local desses hospitais, seja nos anfiteatros, seja nos laboratórios e seja nos corredores", declarou secretário de Saúde

Agência Estado
postado em 05/03/2021 18:12
 (crédito: AFP / Nelson ALMEIDA)
(crédito: AFP / Nelson ALMEIDA)
O secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, voltou a manifestar preocupação sobre um possível colapso na saúde paulista por causa do aumento de casos, óbitos e internações por covid-19. Segundo ele, três pacientes são hospitalizados a cada dois minutos em leitos de enfermaria e UTI de hospitais públicos e particulares paulistas por causa da doença.
"Algumas unidades, infelizmente, já colapsaram", lamentou, sem detalhar o nome e a localização dos hospitais. "Não queremos que as pessoas morram sem assistência. O mínimo que podemos dar é dignidade. Nem que a gente coloque em qualquer lugar o cilindro do oxigênio, que distribua a pessoa até mesmo nos corredores. Nós vamos garantir a assistência", disse durante coletiva de imprensa do governo João Doria (PSDB), realizada nesta sexta-feira, 5.
"Nós vamos continuar abrindo leitos e vagas dentro dos hospitais. Abriremos em qualquer local desses hospitais, seja nos anfiteatros, seja nos laboratórios e seja nos corredores. Ah, paciente no corredor? Vai ter paciente no corredor. O que nós não queremos é paciente desassistido. Nós vamos dar oxigênio, ampliar a distribuição de respiradores, como nós já temos feito."
Ao falar dessa situação, Gorinchteyn fez um apelo para que conselhos de classe chamem profissionais de saúde a serem voluntários para atuar na linha de frente contra a covid-19. "Nós precisamos (de) ajuda, porque estamos em guerra."
No caso de hospitalizações relacionadas ao novo coronavírus, houve um aumento de 13,5% na média diária nesta semana, que chegou a 2.066 novos pacientes por dia. Em comparação a três semanas atrás, isso representa uma elevação de 42,4%.
Em óbitos, a média diária da semana é de 273, um aumento de 13,2% em relação à semana anterior. As médias são consideradas parciais, pois não incluem os dados desta sexta e do sábado, os dois últimos dias da atual semana epidemiológica.
Também na coletiva, Doria destacou que um novo hospital de campanha montado dentro de uma unidade hospitalar já existente será anunciado na segunda-feira. 8. Ele destacou que o espaço não será nos moldes de outros do ano passado, como os montados em estádios de futebol e com leitos majoritariamente de enfermaria, mas sim voltado a pacientes graves, que exigem uma estrutura mais robusta.
"Nós precisamos de quartos com equipamentos de UTI. Essa é a razão fundamental pela qual não optamos pelas tendas", comentou. Ele também completou a fala do secretário ao dizer: "Nós não queremos atender pacientes em corredores. Vamos atender em quartos e de forma digna."
Na última semana, o governo já havia adiantado que negociava a contratação de 130 leitos nas dependências de uma instituição privada na região central da capital paulista. Outros detalhes serão divulgados apenas na segunda.
"A saúde pública está na iminência de viver um completo colapso", lamentou Doria. "Nosso País virou uma ameaça sanitária não apenas aos brasileiros, mas ao mundo. É uma situação trágica, dramática", disse ao criticar a atuação do presidente Jair Bolsonaro e do Ministério da Saúde.
São Paulo soma 2.093.924 casos e 61.064 óbitos pelo novo coronavírus. A ocupação é de 77,4% em leitos de UTI, média que é de 79,1% na Grande São Paulo. Nas enfermarias, a ocupação é de 59,6% e 66,9%, respectivamente.
O número de pacientes internados chegou a 17.802 na quinta-feira, 4, dos quais 9.910 estão em enfermaria e 7.892 em unidades de terapia intensiva. Na terça-feira, 2, o Estado teve o maior registro de confirmações de mortes pela doença de toda a pandemia, chegando a 468. Na quinta-feira, 313 óbitos foram confirmados.
Para conter o avanço da doença, o Estado entrará na fase vermelha do Plano São Paulo a partir deste sábado, 6. A classificação é a de maiores restrições, com funcionamento exclusivamente de estabelecimentos e serviços considerados essenciais, como supermercados, hospitais, farmácias e açougues. A inclusão de templos religiosos na lista de essenciais trouxe críticas ao longo da semana.
São Paulo também está com um "toque de restrição", das 20 horas até as 5 horas diariamente. A medida consiste especialmente em uma força-tarefa para evitar e autuar aglomerações, lançada na semana passada. "São Paulo não está em lockdown. Não se descarta, mas não estamos em lockdown", destacou Doria.
Mesmo na fase vermelha, as escolas públicas e particulares seguirão abertas, com foco nos alunos mais vulneráveis, com deficiências, dificuldades de aprendizagem e crianças menores. A presença é optativa. Os colégios particulares que não quiserem oferecer aulas presenciais podem fechar.
Saiba quais estabelecimentos e serviços são considerados essenciais em São Paulo
São considerados essenciais: supermercados, mercados, padarias (sem consumo no local), postos de gasolina, clínicas, hospitais e consultórios médicos, escolas, templos religiosos, açougues, clínicas odontológicas, estabelecimentos de saúde animal, farmácias, lojas de suplementação, feiras livres, serviços de segurança pública e privada, meios de comunicação, construção civil, indústria, hotéis, lavanderias, serviços de limpeza, manutenção e zeladoria, bancos, lotéricas, call center, assistência técnica de eletrônicos, bancas de jornal, serviços de delivery e drive-thru de alimentos, empresas de logística e locação de veículos, oficinas de veículos automotores, transporte coletivo, táxis, aplicativos de transporte, serviços de entrega, estacionamento, produção agropecuária e agroindústria, transportadoras, armazéns de abastecimento e lojas de materiais de construção.
 

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