COVID-19

Doria: Brasil enfrentará pior cenário da pandemia nas próximas duas semanas

Governador de São Paulo afirma que país está à beira de um colapso na Saúde. João Gabbardo, do centro de Contingência, diz que internação de pessoas mais jovens nas UTIs tem reduzido rotatividade de leitos

Sarah Teófilo
Maria Eduarda Cardim
postado em 03/03/2021 15:16 / atualizado em 03/03/2021 15:21
 (crédito: Sergio Andrade/Governo do Estado de São Paulo)
(crédito: Sergio Andrade/Governo do Estado de São Paulo)

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta quarta-feira (3/3) que o Brasil viverá nas próximas duas semanas o pior cenário da pandemia do novo coronavírus desde o primeiro caso registrado, em março do ano passado. Na última terça-feira (2), o país registrou 1,6 mil óbitos por covid-19 em 24 horas, um recorde de mortes pela doença durante toda a pandemia.

“Mais de mil mortes por dia, como se cinco aviões caíssem por dia matando todos os seus ocupantes. Não podemos imaginar que isso faça parte da normalidade. Isso não é normal, não é usual, não é gripezinha. Isso é uma tragédia, e uma tragédia que pode ser ainda pior se não tomarmos medidas. Não podemos banalizar a morte. Esta segunda onda da covid-19 atinge todo o Brasil, e em São Paulo nós perdemos, aqui, quase 500 pessoas por dia. Só ontem (terça-feira), foram 468 pessoas mortas, um recorde desde o início da pandemia”, disse o tucano, afirmando que país está “à beira de um colapso na Saúde”.

As falas foram proferidas durante entrevista coletiva para anunciar o fechamento de serviços não essenciais por 14 dias. Coordenador-executivo do Centro de Contingência ao Coronavírus, João Gabbardo dos Reis afirmou que a segunda onda da pandemia no Brasil é diferente da primeira, porque na primeira houve surto em regiões específicas, de forma espaçada e transitória. Agora, a situação é geral, atingindo todo o país em um mesmo momento.

“O que nós percebemos hoje é que o país inteiro está entrando numa situação de colapso”, disse, falando sobre a situação das taxas de ocupações de leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) para pacientes com covid-19. Diversos estados estão com taxa superior a 80%, o que é considerado um nível crítico.

Gabbardo ainda comentou uma publicação do presidente Jair Bolsonaro, sem citar nomes, sobre quantidade de leitos de UTI. Nesta semana, o presidente publicou nas redes sociais uma notícia de 2015 que falava sobre faltava de leitos de UTI, afirmando que “a Saúde no Brasil sempre teve seus problemas”.

“É verdade. Mas eram situações temporárias, transitórias, episódicas, em que alguma região apresentava dificuldade para oferta de leito de UTI. Mas quem está falando isso está esquecendo que o país hoje tem o dobro de leito de UTI”, afirmou Gabbardo.

Internações

Entre os dados apresentados pelo coordenador, o que o mais o preocupa é em relação ao número de internações. Hoje, São Paulo tem 7,4 mil pessoas internadas, um crescimento de 18,6% em relação ao pior momento da pandemia no estado, em julho do ano passado. De acordo com ele, esse aumento se deve por uma mudança no perfil de internações, com atendimento a pessoas com faixa etária menor.

“E essas pessoas conseguem resistir mais ao enfrentamento do vírus. E, por consequência, ficam mais tempo internadas. Os leitos não estão rodando na mesma velocidade, e isso está ocasionando um acúmulo de pacientes. E esse acúmulo está acontecendo no Brasil inteiro, e é o que está levando ao colapso. E o colapso só vai ter solução se cumprirmos com a recomendação que é dada”, disse, ressaltando em seguida as medidas sanitárias que devem ser sempre adotadas pela população durante a pandemia, como o uso de máscara, higiene das mãos e distanciamento social.

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