A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) espera receber, no próximo sábado (27/2), mais dois lotes do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para fabricação da vacina de Oxford/AstraZeneca. A quantidade é suficiente para a produção de cerca de 12 milhões de doses da vacina.
Ainda para esta semana, Bio-Manguinhos/Fiocruz segue com a produção dos três lotes de validação, em atendimento às normas regulatórias vigentes, conforme programado. A primeira entrega de vacinas produzidas pela fundação está prevista para ocorrer entre 15 e 19 de março. Esse 1 milhão de doses são resultado do primeiro lote de IFA, que chegou ao país em 6 de janeiro.
O vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Aurélio Krieger, informou que a estimativa é de produzir mais de um milhão de doses por dia ainda no próximo mês. “É bom salientar que, em março, nós vamos colocar uma segunda linha. Então, nós vamos chegar, no fim do mês, com uma quantidade de 1 milhão e 300 mil doses por dia”, disse Marco Aurélio. Ele ainda acrescentou que, após a produção, as vacinas precisam passar por um processo de controle de qualidade, que leva entre duas a três semanas.
O representante da Fiocruz garantiu que o cronograma estabelecido pela fundação está sendo cumprido e ressaltou que a fundação busca incorporar ao máximo a tecnologia de produção para "ainda no primeiro semestre, ter iniciado a produção 100% nacional", disse. "A gente está bastante confiante nos grandes números". Com as ações da Fiocruz, Marco Aurélio disse que a fundação pode, em junho, fechar o mês com cerca de 100 milhões de doses distribuídas e mais de 70 milhões de doses aplicadas, só com esta vacina.
O vice-presidente também salientou a importância da produção nacional, uma vez que há uma grande procura global por imunizantes do novo coronavírus, o que tem gerado uma escassez da vacina. "Se a gente, hoje, quiser comprar mais vacinas, não vai conseguir. Os números que estão sendo ofertados em vários acordos são muito menores que a capacidade que vai ser disponibilizada por Fiocruz e Butantan. É o momento de pensarmos na produção estratégica de alguns insumos porque vimos a competição global em todos os momentos da pandemia”, pontuou.
Atraso em assinatura de contrato
A assinatura do contrato de transferência de tecnologia para a produção da vacina AstraZeneca/Oxford pela Fiocruz ainda não ocorreu. A fundação reconheceu atraso na assinatura da documentação, mas disse que isso não impacta no cronograma de entrega de vacinas produzidas pelo Brasil. Sem a transferência de tecnologia, a fundação não tem conhecimento suficiente para realizar a produção sem depender da importação de componentes.
“A não assinatura do contrato de transferência de tecnologia até esse momento não teve impacto no cronograma atual de entrega de vacinas ao longo dessa primeira fase, em que os imunizantes serão produzidos a partir do IFA importado”, informou a Fiocruz.
2 milhões de vacinas chegam ao país
Um novo lote com 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca chegou à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta terça-feira (23/2). Os imunizantes vieram prontos do Instituto Serum, na Índia, onde vão passar por conferência de temperatura, integridade da carga e serão etiquetadas com informações em português. A previsão é de que, até a madrugada da próxima quarta-feira (24/2), as vacinas sejam entregues ao Ministério da Saúde.
O processo de verificação das doses é feito pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e após realizado esse procedimento, amostra das doses serão encaminhadas para análise de protocolo e liberação pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).
Essa foi a segunda leva importada de imunizantes prontos, a primeira entrega aconteceu em 24 de janeiro. Ao todo, a Fiocruz negociou a aquisição de 10 milhões de vacinas, o restante das doses será importado ao longo dos próximos dois meses, em cronograma ainda a ser confirmado.
* Estagiárias sob a supervisão de Mariana Niederauer