Após um novo embate travado entre o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan em razão de atrasos no fornecimento de doses da CoronaVac, a pasta adotou um tom apaziguador ao manifestar a intenção de comprar mais 30 milhões de doses da vacina ainda este ano. O objetivo, segundo o pedido, é ampliar a vacinação para toda a população brasileira.
No ofício o secretário-executivo, Élcio Franco, solicita que seja encaminhada, pelo Butantan, a intenção de realizar o referido fornecimento de vacinas, bem como o cronograma de entrega do quantitativo proposto de 30 milhões de doses, de outubro a dezembro de 2021. Segundo o documento, já houve "entendimentos verbais em 17 de fevereiro do corrente". O instituto afirmou ter recebido o documento e avalia a proposta.
A solicitação, feita ainda na quinta-feira (18/2), ocorreu no mesmo dia em que o próprio secretário-executivo admitiu que o ministério não receberia todos os 9,3 milhões de doses da CoronaVac previstos para fevereiro, informando que o esperado é receber apenas 2,7 milhões. "Fica muito difícil planejar sem nós termos confirmação do que vamos receber. Tudo previsto em contrato. Por isso continuamos buscando, para mitigar situações como esta, contratos com outras empresas", disse.
Em nota, a pasta ainda afirmou que a redução no fornecimento "quebra a expectativa do Ministério da Saúde de cumprir o cronograma divulgado em 17 de fevereiro pelo ministro Eduardo Pazuello". No entanto, conforme já adiantado pelo Correio, a informação sobre os atrasos já era pública no momento em que os detalhamentos foram anunciados, por exemplo, na reunião com os governadores.
O próprio Instituto Butantan rebateu posicionamento do ministério diante da redução da oferta para fevereiro, afirmando que a pasta "omite e ignora fatos em seu comunicado oficial". "É inacreditável que o Ministério da Saúde queira atribuir ao Butantan a responsabilidade pela sua completa falta de planejamento, que acarretou a falta de vacinas para a população em diversos municípios do país", critica.
Os atrasos, na avaliação do instituto paulista, foram provocados pelo "desgaste diplomático causado pelo governo brasileiro em relação à China", afetando o envio do ingrediente farmacêutico ativo (IFA). "A autorização para envio da matéria-prima só ocorreu após intervenções feitas pelo Governo de São Paulo", destacou.
O Instituto Butantan já negocia a compra de mais 20 milhões de doses com a Sinovac, empresa chinesa que desenvolve a CoronaVac. No entanto, essas doses serviriam para imunizar a população de São Paulo e não seriam destinadas ao Ministério da Saúde.