Sete escolas estaduais de São Paulo foram fechadas por casos de infecção por coronavírus antes mesmo de retomarem aulas presenciais. No total, 85% das 5,3 mil escolas da rede foram abertas. A retomada ocorre em meio à segunda onda da pandemia de covid-19 e foi marcada por euforia entre alunos e desconfiança de pais e professores.
Na semana passada, as escolas começaram a receber alunos para distribuição de merenda e planejamento dos professores.
Um dos colégios fechados é a Escola Estadual Ermelino Matarazzo, na zona leste da capital, que teve duas infecções confirmadas e outras sete pessoas com sintomas. "Que a gente possa afirmar, surto até agora não houve, mas estamos investigando", disse ontem o secretário da Educação, Rossieli Soares, na Escola Estadual Raul Antônio Fragoso, em Pirituba, zona norte de São Paulo. Rossieli disse não descartar a necessidade de eventualmente fechar turmas ou outras unidades durante o processo de reabertura.
Escolas da rede estadual só receberão 35% dos estudantes nas primeiras semanas, mesmo em cidades na fase amarela do plano estadual de flexibilização da quarentena, como a capital. Já as particulares nessas regiões podem receber até 70% dos alunos, se os prefeitos permitirem. O secretário disse que foi mantido o porcentual por uma questão de planejamento.
A Apeoesp, sindicatos dos professores da rede estadual, também apontou casos de covid nas escolas. Segundo o sindicato, relatos em 96 unidades indicam 206 infecções. Os docentes entraram em greve contra a volta às aulas e o governo pretende endurecer as medidas contra o sindicato para garantir a reabertura. Os salários de professores que não retornarem à escola serão descontados a partir desta segunda, segundo o secretário. O governo ainda estuda acionar a Justiça contra a greve dos docentes. "Não tivemos nenhuma escola parada por causa de greve." Segundo a pasta, 5% dos professores faltaram.
Já a Apeoesp fala em adesão de 15% dos professores à greve. Ainda segundo o sindicato, foi "baixíssima" a presença de estudantes ontem. "Em torno de 5%." O governo não deu balanço. Larissa, de 10 anos, comemorou a volta às aulas após 11 meses, mesmo sem ter reencontrado as amigas, que ficaram em turma diferente do rodízio. "Foi legal. Até consegui terminar de escrever um texto."
Já os pais veem com desconfiança e cobram volta facultativa. "Vim aqui saber se o retorno é obrigatório, porque não quero levar minha filha", disse Edineide da Franca, de 36 anos, na secretaria de outra escola na zona norte. Hipertensa, ela tem medo de a filha levar a covid para dentro de casa. "As escolas não têm funcionários, faltam muitas coisas." Ela também relatou dificuldades de acesso ao Centro de Mídias, plataforma usada para aulas remotas - problema que não tinha no ano passado.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.