Um brasileiro acusado de traficar mulheres para a Europa, e cujo nome não foi divulgado, foi extraditado de Belarus para o Brasil, atendendo à solicitação da Justiça Federal de Santa Catarina –– estado onde o acusado nasceu –– para que fosse enviado de volta. O homem estava preso desde outubro do ano passado em Minsk, capital do país europeu, e a extradição ocorreu na última quinta-feira As investigações sobre o caso começaram após uma das mulheres aliciadas ter fugido e pedido ajuda na Embaixada brasileira em Belarus.
Ela contou que estava sendo mantida em cárcere privado, era obrigada a se prostituir e a tirar fotos sem roupa para venda na internet. Ainda de acordo com a vítima, era obrigada a realizar uma dieta rigorosa e chegava a ficar até quatro dias sem comer. O caso está sendo acompanhado pela Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República (SCI/PGR), que enviou documentos para a extradição.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a mulher “também sofria outros tipos de tortura e era forçada a cooptar mais meninas para serem exploradas sexualmente”. Ela estava presa no apartamento do suspeito desde janeiro do ano passado.
A PGR informou que, “além da prisão, a Justiça determinou a realização de busca e apreensão na residência do pai do brasileiro, em Porto Alegre, e no local foram apreendidos celulares, computadores, drogas, entre outros objetos que vão auxiliar na investigação”. No Brasil, o aliciador é investigado pela Polícia Federal por, supostamente, integrar uma rede de tráfico internacional de mulheres. Nesse tipo de crime, geralmente os criminosos atraem as vítimas com promessas de vida fácil no exterior, com altos salários e uma rotina de luxo.
É comum que os traficantes comecem a dificultar contato das vítimas com parentes no Brasil. Uma das características é que o criminoso, ou o grupo de aliciadores, reténha o passaporte e outros documentos das mulheres ainda no aeroporto ou na chegada ao país estrangeiro.
De acordo com dados do Ministério da Justiça, entre 2018 e 2019 um total de 184 brasileiros foram traficados, sendo que 30 vítimas eram crianças. O número pode ser ainda maior, tendo em vista que, somente em 2018, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 80 mil brasileiros sumiram sem deixar vestígios. A cada dia, 226 pessoas desaparecem no Brasil.
Dados do Ministério da Justiça apontam que, quando se trata do sequestro para exploração sexual, as mulheres são as maiores vítimas: em 2016, das 173 pessoas aliciadas para este fim, 122 eram mulheres, quatro eram homens e 47 não tiveram o sexo identificado. (RS)