O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reconheceu, ontem, que o Ministério da Saúde falhou ao acreditar que a chegada da vacina colocaria um freio no avanço da covid-19 no país, sobretudo porque o governo observava uma situação de “estabilidade” no número de mortes e casos em outubro e novembro. Embora não tenha sido claro ao admitir a reação equivocada da pasta, disse que a nova fase da pandemia é ainda mais grave do que a primeira. Ontem, de acordo com os números do ministério, o Brasil chegou a 251.498 mortes pela covid-19, sendo que nas últimas 24h foram registrados 1.541 óbitos. O número de casos é de 10.390.461 infecções.
“Várias cidades do país, vários locais estão subindo (os números de infectados). Não está centrado apenas no Norte e Nordeste, como vimos ano passado. Precisamos estar alerta e preparados para isso”, salientou Pazuello, ao lado dos presidentes dos conselhos nacionais de secretários de saúde estaduais (Conass) e municipais (Conasems), Carlos Lula e Wilames Freire, respectivamente.
O general atribuiu ao surgimento das novas variantes a atual dificuldade em controlar a pandemia. “O vírus mutado tem três vezes mais capacidade de contaminação, e a velocidade pode surpreender o gestor em termos de estrutura e apoio. Essa é a realidade que temos hoje no Brasil”, explicou. Segundo ele, a cepa descoberta em Manaus, a P.1, “já faz parte do cotidiano e está em outros estados brasileiros”.
Os presidentes dos conselhos fizeram declarações em tom de alarme e preocupação. Lula disse que o país vive o momento mais duro da pandemia, e Freire afirmou que é preciso voltar a orientar a população a seguir medidas contra o vírus. Eles alertaram, ainda, que o sistema de saúde de estados e municípios funciona no limite e que a iminência de colapso não está concentrada em apenas uma região. Durante o pronunciamento, o presidente do Conass afirmou que há, pelo menos, 15 estados com capacidade de lotação dos leitos de UTI acima de 90%.
“Todos os estados têm criado mais leitos, mas apenas isso não adianta. Precisa de ajuda da sociedade. Tem de entender que não é hora de fazer festa. O que a doença precisa é de pouco ar, ambiente fechado”, disse. E acrescentou: “Precisamos ligar o alerta porque, sem dúvida, viveremos as semanas mais difíceis em março e abril”, salientou.
No limite
O ministro anunciou que o governo federal voltará a realizar o financiamento de leitos de UTI de forma antecipada, com depósitos a cada mês para viabilizar o uso destes espaços –– o repasse para leitos tem sido uma reclamação de secretários. Sem dar detalhes, o general também citou a possibilidade de mais remoções de pacientes de locais em colapso, mas o presidente do Conass afirmou que os estados estão “no limite”.
Pazuello salientou que a vacinação está “tendendo à estabilidade em termos de produção e quantidade de doses” e voltou a afirmar que metade da população “vacinável” deve receber o imunizante até metade do ano –– menores de 18 anos, por exemplo, ainda não recebem as doses. O ministro estimou que a população total que pode ser imunizada é de 160 a 170 milhões de pessoas. Acrescentou que a compra das vacinas da Pfizer e Janssen pode ser viabilizada com mudanças na legislação para que a União assuma riscos de efeitos colaterais dos produtos.
“Temos quase um ano de pandemia. Acredito que o governo federal, o SUS como um todo, não deixamos nada para trás. Não deixamos nada nem ninguém para trás”, disse.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.