O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, mudou a data de início da vacinação contra a covid-19 para esta segunda-feira (18/1), por volta das 17h. A informação foi repassada pelo ministro em cerimônia de início da distribuição das doses da vacina CoronaVac ao lado dos governadores, no Centro de Distribuição Logística do Ministério da Saúde, em Guarulhos, São Paulo. O "Dia D, hora H" da vacinação anunciada pelo ministro anteriormente era dia 20, próxima quarta-feira, às 10h.
A CoronaVac, da farmacêutica Sinovac e produzida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, e a vacina de Oxford/Astrazeneca, foram aprovadas no último domingo (17) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Após aprovação, o ministro havia mantido a data e horário de início da imunização, mas alterou nesta segunda-feira.
“Hoje distribuiremos as vacinas a todos os estados. E hoje ainda, ao final do dia, poderíamos começar. Talvez alguém possa ter alguma delonga, mas faz parte da missão”, disse, afirmando que os imunizantes chegarão a todos os estados e ao DF até o fim da tarde. De acordo com ele, a distribuição será feita, em sua maioria, por aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).
Ao todo, são 6 milhões de doses da vacina, sendo que 1,4 milhão ficou em São Paulo e as outras 4,6 milhões estão sendo distribuídas às outras unidades da federação. O anúncio do ministro se deu em meio à pressão dos governadores para que a imunização fosse logo iniciada diante da aprovação da Anvisa. Além disso, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), já iniciou o processo com a vacinação de profissionais da Saúde no último domingo..
A situação foi uma grande derrota ao governo federal, pois a imunização no país teve início nas mãos do tucano, adversário político do presidente Jair Bolsonaro. No domingo, Pazuello criticou Doria, falando em "jogada de marketing" com a vacina e dizendo que a imunização precisa ser de forma igualitária, "sem deixar nenhum brasileiro para trás".
Nesta segunda, Pazuello voltou a fazer referência ao tucano, ao ressaltar que o início da imunização em uma mesma data e horário demonstra um "trabalho em conjunto". "Tudo isso demonstra que a nossa lealdade federativa está mantida. Isso é um conceito jurídico, os senhores conhecem mais do que eu. No que depender do Ministério da Saúde, nós vamos cumprir rigorosamente o que for combinado, em nome da nossa ética e palavra", afirmou.
Governador do Piauí e coordenador da temática de Vacina no Fórum Nacional de Governadores, Wellington Dias (PT) falou sobre o pedido de antecipação durante a cerimônia nesta segunda-feira.
"Ontem, até tarde da noite, trabalhamos para convencer o ministro Pazuello e equipe que é possível antecipar a vacinação. Não é razoável ficar para quarta-feira se chegam vacinas a partir de hoje e se é possível chegar em todos os Estados (capitais) nos voos que saem agora pela manhã de Guarulhos. Um dia nacional de vacinação, na situação do Brasil, faz muita diferença", relatou.
2,9 milhões de doses
O ministro disse, ainda, que a pasta solicitou ao Butantan celeridade no envio para a Anvisa da documentação do pedido de uso emergencial das doses produzidas no Brasil. A previsão, segundo ele, é que serão mais 2,9 milhões de doses da vacina até o dia 31 de janeiro. Conforme Pazuello, havia uma dificuldade em torno dos lotes concluídos, que até nesta semana estava com uma quantidade pequena.
A informação veio em resposta ao governador do Piauí, que pediu celeridade à liberação de outras doses das vacinas envasadas no Brasil, tanto pelo Butantan, quanto pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção da vacina da AstraZeneca com a Universidade de Oxford.
"A Anvisa, assim como outras agências reguladoras, aprovou vacinas que vieram com produção externa. Mas já há produção interna. É preciso trabalhar uma agenda com a Anvisa para se ter uma posição sobre essa autorização para as vacinas que já estão sendo produzidas no Brasil. Isso permite o máximo de pessoas imunizadas. A ansiedade não é só nossa, é da população", ressaltou.
Doses
A cerimônia também contou com cobranças por parte da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT). Ela solicitou que todas as unidades enviadas neste primeiro momento sejam aplicadas, sem que seja obrigatório reservar um estoque de segundas doses para vacinar o público que recebeu a primeira. "Que possamos usar todo o lote, evidentemente com a garantia do Ministério da Saúde que fará a reposição no momento oportuno, e seguir o calendário. Inclusive para incluir os profissionais de Educação na lista de prioridades", pontuou.
O ministro Pazuello, no entanto, reiterou que, no caso da CoronaVac, pelo curto intervalo de tempo entre uma aplicação e outra, esta possibilidade não será acatada. "A vacina do Butantan são duas doses em tempo curto e precisa ser trabalhada dessa forma. Esse já é um assunto tratado em todos os níveis", disse.
Quanto à vacina da Fiocruz, o governo admite a possibilidade de liberar todas as doses, já que o intervalo entre uma e outra é de até três meses, permitindo uma reposição sem maiores riscos de perda. No entanto, as duas milhões de unidades vindas da Índia e já aprovadas pela Anvisa ainda não embarcaram para o Brasil.