A farmacêutica Pfizer ainda não decidiu sobre o pedido de uso emergencial da vacina contra a covid-19 no Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Uma reunião foi feita nesta terça-feira (12/1), na qual a Anvisa esclareceu dúvidas e orientou os representantes da empresa sobre o pedido de uso emergencial.
“O encontro virtual encerrou sem que a decisão pelo pedido de uso emergencial tenha sido tomada. A Pfizer é uma das quatro vacinas em teste no Brasil e tem mantido reuniões regulares com a Anvisa”, informou a agência. A empresa já está vacinando em diversos países, como Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Israel.
Segundo a Anvisa, as três fases dos testes já foram concluídas, com dados primários de eficácia e segurança da fase três concluídos no dia 15 de dezembro. No status da documentação na Anvisa, a Pfizer ainda tem 5,2% dos dados insuficientes. Além disso, um total de 10,2% ainda não foram apresentados; a análise de 34,4% já foi concluída e 50,21% estão pendentes de complementação.
No Brasil, um imbróglio relativo ao contrato continua. O governo federal tem frisado não concordar com cláusulas do documento, principalmente em duas delas que se referem à isenção de qualquer responsabilidade por efeitos colaterais advindos da aplicação da vacina e à definição de que a empresa não poderá ser julgada pela Justiça brasileira. Especialistas apontam que não faz sentido a uma empresa solicitar registro de vacina a um país sem que haja acordo com o governo para a compra e fornecimento do imunizante.
Críticas
Na última quinta-feira (8), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, voltou a falar sobre o assunto, pontuando que a empresa fez uma forte campanha em torno da vacina e tem conseguido destaque, mas não é vantajosa ao país. Ele criticou as exigências, citando a “isenção eterna de efeitos colaterais e jogando toda a responsabilidade no governo brasileiro. “O que nós queremos da Pfizer é que ela nos dê o tratamento compatível com o nosso país, que amenize essas cláusulas. Não podemos assinar desta forma”, indicou.
O ministro ressaltou, ainda, que seria necessário que o Brasil entrasse com o diluente, produto que compõe a vacina, além de toda a estratégia mais sofisticada da rede de frios. “Isso tudo, obviamente, faz com que a gente não consiga contratar a Pfizer. Mas não paramos de negociar”, disse.
Além disso, Pazuello afirmou que a Pfizer ofereceu ao Brasil apenas nove milhões de doses da vacina até junho, sendo as primeiras 500 mil seriam entregues em janeiro, 500 mil em fevereiro, dois milhões em março, dois milhões em abril, dois milhões em maio e dois milhões em junho. A empresa, entretanto, contradisse o general, afirmando que ofertou ao governo brasileiro 70 milhões de doses, sendo que parte desse quantitativo seria entregue a partir de dezembro de 2020.