Mesmo servindo como pano de fundo de um embate político, os resultados positivos em relação à vacina chinesa CoronaVac falaram mais alto. Após comprovação de 78% de eficácia contra a covid-19, o Ministério da Saúde firmou exclusividade na distribuição do imunizante produzido pelo Instituto Butantan. Com isso, a população brasileira terá acesso às doses pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de forma gratuita e respeitando as prioridades estabelecidas pelo plano do Ministério da Saúde.
O acordo foi acertado entre a pasta e o instituto em reunião na sexta-feira (8/1), garantindo que "a totalidade das vacinas produzidas pelo laboratório paulista serão adquiridas pelo governo federal e incorporadas ao Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19". "Assim, brasileiros de todo o país receberão a vacina simultaneamente, dentro da logística integrada e tripartite, feita pelo Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde", detalha nota da pasta.
A informação já havia sido previamente anunciada pelo ministro Eduardo Pazuello em coletiva na quinta (7/1), dia em que o acordo de incorporação da vacina ao PNI foi, de fato, firmado. "Todas as vacinas que estão no Butantan serão, a partir desse momento, incorporadas ao PNI. Elas serão distribuídas de forma equitativa e proporcional, assim como as vacinas da AstraZeneca", afirmou.
Antes, o que existia era apenas um memorando de intenção de compra, que chegou a ser desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro, que afirmou que não iria adquirir a "vacina de Doria", como definiu. No entanto, o governo federal voltou atrás, mas enfatiza que a produção não pertence a um estado. "Deixar bem claro: quem comprou a vacina foi o Instituto Butantan, não foi o Estado de São Paulo", disse o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, durante a coletiva.
Por enquanto, estão garantidas 46 milhões de doses da CoronaVac até abril e outras 54 milhões para serem fornecidas ao longo de 2021, a depender da liberação orçamentária do governo federal. Uma nova reunião entre o Ministério da Saúde, o Butantan e os conselhos de secretários de saúde estaduais e municipais (Conass e Conasems) será marcada para os próximos dias. A pauta, segundo a pasta, é o "detalhamento dos próximos passos da logística e calendário da campanha".
Além das 100 milhões de unidades do imunizante produzido pelo Butantan, o PNI terá, em 2021, 210,4 milhões de doses da vacina da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a AstraZeneca e a Universidade de Oxford. Mais 42,5 milhões de vacinas também estão garantidas pelo mecanismo multilateral Covax Facility.