CORONAVÍRUS

Vacina vinda da Índia custará até 75% mais que a produzida no Brasil

Governo importará 2 milhões de doses a US$ 5,25 cada, o que representa um total de R$ 55,2 milhões. Ministério da Saúde e Itamaraty dizem que previsão é iniciar plano de imunização ainda neste mês

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou nesta terça-feira (5/1) que cada dose da vacina de Oxford/AstraZeneca vinda da Índia custará US$ 5,25, cerca de R$ 27,61 na cotação atual, a R$ 5,26. Assim, as 2 milhões de doses custarão em torno de R$ 55,2 milhões. O preço por dose chega a ser 75% maior do que será gasto na vacina a ser produzida pela fundação, cujo preço ficará entre US$ 3 e US$ 4.

O valor total a ser pago, entretanto, será R$ 59,4 milhões, quantia que inclui, além da compra, os custos com a operação (etiqueta e bula), armazenagem e transporte das vacinas, segundo a Fiocruz.

Quem fornecerá o imunizante é o Instituto Serum, laboratório indiano que, segundo a Fiocruz, é o maior produtor de vacinas do mundo. A fundação disse que aguarda o recebimento de informações da AstraZeneca e do instituto sobre a produção e o controle de qualidade da vacina para submeter o pedido de autorização de uso emergencial à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo a Fiocruz, “a expectativa é de que o pedido seja realizado ainda esta semana”. Nesta terça, técnicos da Fiocruz e da AstraZeneca se reuniram com a Anvisa para discutir o pedido de uso emergencial das doses.

Em nota divulgada nesta terça-feira, o Ministério da Saúde e o Itamaraty confirmaram a importação da vacina e disseram que as doses devem chegar ao Brasil ainda neste mês. “Não há qualquer tipo de proibição oficial do governo da Índia para exportação de doses de vacina contra o novo coronavírus produzidas por farmacêuticas indianas”, garantiram, frisando que as negociações da Fiocruz com o instituto estavam “em estágio avançado”.

Na última segunda-feira (4/1), o presidente do instituto Serum, responsável pelo fornecimento da vacina ao Brasil, Adar Poonawalla, disse que o governo indiano não permitiria a exploração da vacina produzida no país. Nesta terça-feira, entretanto, ele publicou uma mensagem no Twitter afirmando que "as exportações de vacinas são permitidas para todos os países e um comunicado conjunto esclarecendo quaisquer mal-entendidos com relação à Bharat Biotech será feito".

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, se reuniu na última segunda-feira (4) com o embaixador da Índia em Brasília para tratar do assunto. Segundo o Itamaraty e a pasta da Saúde, a embaixada do Brasil em Nova Delhi "está em contato permanente com autoridades indianas para reforçar a importância do início da vacinação no Brasil". As pastas pontuaram que uma nota conjunta do Instituto Serum da Índia e a Bharat Biotech foi publicada nesta terça-feira, na qual "comunicaram a sua firme intenção de garantir acesso mundial a suas vacinas contra covid-19".

A importação é uma forma encontrada pela fundação de acelerar o início da imunização aos grupos prioritários. "A estratégia é contribuir com o início da vacinação ainda em janeiro com as doses importadas e, ao mesmo tempo, dar início à produção, de acordo com o cronograma já amplamente divulgado", esclareceu a fundação.