PANDEMIA

Alguns testes podem não detectar nova cepa do coronavírus, alerta Anvisa

Variante, com 14 mutações, foi identificada inicialmente no Reino Unido e detectada em dois pacientes de São Paulo

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou, nesta sexta-feira (1º/1), em nota técnica, que alguns testes para covid-19 podem não conseguir detectar a nova cepa do coronavírus que foi identificada inicialmente no Reino Unido e já chegou a diversos países, entre eles o Brasil, com dois casos confirmados em São Paulo.

A Anvisa pontuou que a variante (que tem sido chamada de "SARS-CoV-2 VUI 202012/01" ou "B.1.1.7"), apresenta 14 mutações e pode não ser identificada por alguns testes. Segundo a agência, as mutações afetam um gene específico (gene 'S'), "utilizado como alvo em diferentes ensaios diagnósticos o que pode levar à incapacidade de detecção do vírus se este for o único alvo ou referência do modelo diagnóstico".

Entretanto, conforme pontuado em nota, existem diferentes tipos de testes voltados ao diagnóstico da covid-19. Os testes, de acordo com a agência, conseguem indicar a presença do vírus usando "alvos" específicos, e a maioria dos realizados no Brasil do tipo PCR usam mais de um alvo, "o que reduziria o impacto ao diagnóstico".

A Anvisa ressaltou que "os laboratórios devem estar atentos às informações das instruções de uso dos produtos comerciais e àqueles que utilizam metodologia in house também devem estar cientes deste potencial problema".

"A fim de limitar o impacto sobre as capacidades de detecção do vírus e suas potenciais variantes, a Organização Mundial de Saúde recomenda o uso de ensaios diagnósticos para diferentes alvos (genes virais), o acompanhamento da transmissão local e atividades de prevenção e controle apropriadas às realidades de cada país", pontuou.

Conforme a agência brasileira, são necessários mais estudos epidemiológicos e laboratoriais para que seja possível compreender as implicações do novo coronavírus "em termos de apresentação clínica, diagnóstico, tratamento e desenvolvimento de vacinas". ". Os laboratórios devem estar atentos às informações das instruções de uso e adotar medidas que favorecem o diagnóstico, como a utilização de produtos voltados a diferentes alvos virais", frisou.