Anvisa libera mais doses da CoronaVac

Com cinco votos favoráveis dos diretores, agência dá o sinal verde para que brasileiros tenham acesso a um lote de 4,8 milhões do imunizante produzido pela Sinovac e pelo Butantan, que será incorporado ao Programa de Imunização para ser distribuído aos estados

BRULA LIMA INGRID SOARES SARAH TEÓFILO
postado em 22/01/2021 23:14
 (crédito: NELSON ALMEIDA)
(crédito: NELSON ALMEIDA)

O Brasil terá acesso a mais 4,8 milhões de doses da CoronaVac, que serão distribuídas proporcionalmente aos estados e incorporadas ao Programa Nacional de Imunização (PNI). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou, em reunião da diretoria colegiada, o novo lote para uso emergencial no combate à covid-19. Essas unidades precisaram de uma avaliação à parte por terem sido envasadas e rotuladas no Brasil.

Ontem mesmo, o Instituto Butantan, parceiro do laboratório chinês Sinovac e responsável por reproduzir o imunizante no Brasil, liberou 900 mil doses. Desse total, 200 mil doses foram levadas ao Centro de Distribuição e Logística da Secretaria da Saúde de São Paulo e as outras 700 mil foram para a central de distribuição do Ministério da Saúde, em Guarulhos. Com esse volume, são 6,9 milhões de um total de 8,7 milhões de unidades estabelecidas, conforme o cronograma ajustado com o governo federal para entrega até 31 de janeiro. Até abril, o Butantan prometeu repassar 46 milhões de fármacos.

A aprovação pela Anvisa se estende a todas essas doses, e não apenas ao lote de 4,8 milhões que já está no país. A diretoria acatou indicação da equipe técnica para que o Butantan não precise fazer pedido de uso emergencial para os outros imunizantes a serem entregues, desde que cumpram com os mesmos requisitos e sejam produzidos nas mesmas condições. Dessa forma, à medida que o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para a produção dos imunizantes for importado da China, o instituto poderá processar e enviar ao ministério para distribuição.

Porém, o instituto continua aguardando a autorização do governo chinês para a importação do princípio ativo. Uma carga com 5,4 mil litros do insumo, capaz de produzir cerca de 5 milhões de doses, está pronta e aguardando liberação.

Unanimidade
A aprovação na Anvisa foi por unanimidade, com voto favorável dos cinco diretores. Anteriormente, a agência havia autorizado o uso emergencial das 6 milhões de doses que vieram prontas da China. Esta nova liberação ocorreu mais rapidamente, porque parte dos critérios já havia sido avaliada.

Mas, horas antes de o novo lote de CoronaVac ser aprovado pela Anvisa, o presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores que “não há nada comprovado cientificamente sobre essa vacina aí”. A afirmação, entretanto, não se choca com os testes de eficácia e a segurança, comprovados em ensaios clínicos no Brasil.

Bolsonaro voltou a dizer que a vacinação não será obrigatória. “Não posso obrigar ninguém a tomar vacina, como um governador um tempo atrás falou que ia obrigar”, disse, referindo-se a João Doria, de São Paulo. E completou: “Não sou inconsequente a esse ponto. Ela tem que ser voluntária. Afinal de contas, não está nada comprovado cientificamente com essa vacina”, desdenhou.


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Lote da Índia chega ao país

Com a chegada do lote de dois milhões de doses da vacina contra covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca, a previsão é de que o Brasil tenha, já amanhã, o imunizante disponível no Programa Nacional de Imunização (PNI). A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou que deve liberar a carga para o Ministério da Saúde após término da checagem da qualidade e segurança das doses que passam, ainda, pela rotulagem, com etiquetagem das caixas com informações em português.

Antes de o lote de vacinas desembarcar em Guarulhos, o presidente Jair Bolsonaro agradeceu, por meio das redes sociais, ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, por ter autorizado o envio das doses. “O Brasil sente-se honrado em ter um grande parceiro para superar um obstáculo global. Obrigado por nos auxiliar com as exportações de vacinas da Índia para o Brasil”, escreveu.

Mas, apesar do agradecimento ao governo indiano, Bolsonaro não foi a São Paulo recepcionar os imunizantes. Preferiu visitar o time do Flamengo, que se exercitou, ontem, no Centro de Treinamento do Brasiliense, no Setor de Clubes Sul, onde ficou por aproximadamente uma hora no local. Na chegada, foi vaiado por torcedores rubro-negros. O presidente e os jogadoresnão usam máscaras.

E ficou para a próxima semana o pedido de registro da vacina de Oxford/AstraZeneca junto à Anvisa, adiado duas vezes. (BL, IS e ST)

Governadores favorecem Amazonas

 (crédito: Credito Segup/PA/Divulgacao)
crédito: Credito Segup/PA/Divulgacao

O Fórum dos Governadores concordou em destinar 5% das doses da vacina que os Estados receberão para o Amazonas, principalmente Manaus. A proposta foi apresentada, na quinta-feira, pelo governador do Piauí, Wellington Dias e, segundo ele, além de ser “uma questão humanitária”, a ação é “estratégica” para evitar a transmissão para outras localidades do país. Em um vídeo publicado no Instagram, ontem, Dias comentou que a situação no Amazonas “é muito mais grave do que antes”, em referência à semana passada, e aponta que o vírus já marca forte presença “na divisa com o estado do Pará”.

A proposta do governador é que, “na distribuição do novo lote de seis milhões de doses, que a gente possa tirar uma fatia maior, algo como 5%, cerca de 300 mil vacinas, para viabilizar a vacinação em Manaus e nesses municípios mais afetados, inclusive da divisa com os estados”.

O recebimento de imunizantes extras pelo Amazonas foi proposto diante do colapso de saúde e da falta de oxigênio registrados em Manaus desde a última semana, e que vem se espalhando pelos demais municípios. Segundo Dias, a ação foi aprovada por parte dos governadores e apoiada pelo Ministério da Saúde.

Enquanto isso, os ministérios públicos Federal, do Trabalho, do estado e de Contas do Amazonas, juntamente com as defensorias públicas da União e estadual, apresentaram à 1ª Vara Federal do Amazonas um pedido para que Manaus informe, diariamente, em seu site, até as 22h, a relação das pessoas que foram vacinadas contra o novo coronavírus até as 19hs do dia respectivo, “com identificação de nome, CPF, local onde foi feita a imunização, função exercida e local onde a exerce”.

Segundo os autores da ação, os dados das pessoas que foram priorizadas devem ser divulgados “para que possa haver devido controle social sobre a destinação do bem público altamente escasso nos dias atuais”.

Fura-filas
O pedido se dá em meio a denúncias de que pessoas fora do grupo prioritário na imunização estão sendo vacinadas. O MP de ao menos oito estados (Pernambuco, Sergipe, Amazonas, Rio de Janeiro, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia), além do Distrito Federal, acompanha os relatos de fura-filas.

Ao comentar os episódios de oportunismo na sequência da vacinação, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, ontem, que pessoas que passam na frente de outras indevidamente demonstram falta de solidariedade e de caráter. “É necessário que as pessoas se conscientizem de que cada um tem de comparecer de acordo com o seu grupo para ser vacinado e não atropelar o processo. Isso aí denota uma falta de solidariedade e até de caráter”, disse. (ST e IS)


Saúde amplia o grupo prioritário

O governo federal aumentou, ontem, em 25,6 milhões de pessoas o grupo prioritário para tomar vacinas contra a pandemia de coronavírus –– com profissionais da saúde, indígenas, quilombolas, população ribeirinha, idosos e pessoas com deficiência institucionalizados e idosos acima de 60 anos. O Ministério da Saúde remeteu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a segunda versão do Plano Nacional de Vacinação (PNV), que inclui caminhoneiros e trabalhadores de transporte aéreo, marítimo e terrestre na etapa em curso.

Inicialmente, a pasta havia calculado 51,5 milhões de pessoas entre as prioridades e, com a nova versão, agora são 77,2 milhões de brasileiros que estarão na frente da fila da imunização. Ou seja, aproximadamente 37% da população serão vacinados nesta etapa inicial.

No caso dos caminheiros, incluídos no PNV em 16 de dezembro passado e que vinham ameaçando cruzar os braços caso não passassem à frente na lista de prioridades, o grupo inclui trabalhadores de transporte coletivo rodoviários de passageiros (condutores e cobradores).

Em nota, o ministério afirmou que “a ampliação da cobertura desse público será gradativa, assim como os demais públicos prioritários elencados no plano, conforme disponibilidade de vacinas. As especificidades e particularidades regionais serão discutidas na esfera bipartite (entre estado e município)”.

Em 2018, os caminhoneiros cruzaram os braços em todo o país entre os dias 21 e 30 de maio e deram um nó na economia brasileira, provocando uma onda de desabastecimento. Mas, desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República, a categoria vem pressionando para ver atendidas todas as reivindicações que fizeram naqueles nove dias de paralisação. (BL e ST)

Aulas são adiadas em SP

O aumento na faixa de 40% de casos e mortes em janeiro em São Paulo, ao comparar com o mesmo período em dezembro, obrigou o governo do estado não apenas a recuar nas medidas de abertura como a restringir ainda mais a circulação de pessoas. Dessa forma, o ano letivo no estado foi atrasado em uma semana e, a princípio, está previsto para começar em 8 de fevereiro. Mas, já na próxima segunda-feira, os bares e restaurantes deverão fechar às 20h e poderão reabrir às 6h. A restrição é completa para os próximos dois fins de semana (30 e 31 de janeiro e 6 e 7 de fevereiro), e a medida vale pelo menos até 7 de fevereiro.

Sete regiões foram colocadas na fase vermelha, atingindo 22% da população, e o restante (78% dos habitantes) está na fase laranja. Todos sofrerão com as limitações de horário e apenas as atividades essenciais poderão funcionar nos finais de semana e à noite. A medida foi motivo de protesto por parte dos donos de restaurantes, mas o governador João Doria afirmou que não cederá às pressões e pediu a colaboração. “Sem vida, não há economia. Sem existência, não há processo econômico que sobreviva”, disse.

O planejamento do retorno às aulas presenciais também sofreu impacto. A participação presencial dos alunos nas escolas estaduais será opcional nas fases vermelha e laranja, e obrigatória apenas nas amarela e verde. (BL e ST)

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