Em reunião da diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que decidiu pela aprovação do uso emergencial de mais 4,8 milhões de doses da CoronaVac, diretores e técnicos da entidade voltaram a frisar a inexistência de um medicamento com comprovação científica para combater a covid-19, ao contrário do que defende o presidente Jair Bolsonaro e colaboradores.
A ausência do tratamento terapêutico específico para a doença foi usada como uma das justificativas para liberar o uso em caráter extraordinário e temporário da vacina. "Mesmo em um cenário de incerteza, uma vacina contra a covid-19 segura, capaz de prevenir e reduzir mortalidade e morbidade causada por essa doença, pode ser autorizada para uso emergencial, em especial pelo contexto dessa pandemia, onde há poucos tratamentos de suportes disponíveis e não há medicamentos registrados na Anvisa com indicações específicas para o tratamento da covid-19", pontuou a relatora do processo e diretora responsável pela área de imunizantes, Meiruze Freitas.
Além de ressaltar a inexistência de alternativas terapêuticas contra a doença, o gerente-geral de medicamentos e produtos biológicos, Gustavo Mendes, acrescentou ao quadro de avaliação de riscos e benefícios o agravamento da pandemia, "tendo em vista o aumento de casos", e recomendou a aprovação do uso emergencial.
Em relação à vacina, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, ressaltou que ainda não aprovação da Anvisa para comercialização, e sim uma deliberação de uso emergencial e temporário, fazendo-se necessária a assinatura de um termo de consentimento para receber a vacina. Barra Torres ainda frisou que os pareceres da agência não cedem a pressões "de qualquer maneira", nem estão empacados por burocracias. "A pressão é uma só: temos que contribuir para assegurar a saúde dos nossos cidadãos, fazer boas entregas e fazer no menor tempo possível. Essa sempre foi e é a única e maior motivação."
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