Em uma nova estratégia de enfrentamento ao colapso no sistema de saúde de Manaus, o Ministério da Saúde planeja a transferência de pacientes que não estão infectados pelo novo coronavírus para outros estados. Até então, a transferência era destinada apenas a pacientes acometidos de covid-19.
Reportagem do Correio publicada na tarde desta quinta-feira (21) revelou que 70% das mortes nos hospitais da cidade já estão relacionadas a outras doenças, como câncer e problemas cardíacos. O aumento de internações em razão da pandemia de coronavírus faz com que pacientes com outras doenças também ficassem sem leitos. Ou seja, à medida que a covid-19 avança na capital do Amazonas, pacientes acometidos por outras enfermidades também ficam sem espaço em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O problema obrigou a adoção de um novo sistema, no qual pacientes terminais ou com situação irreversível que chegam às unidades de saúde não são enviados para a UTI, mas sim para uma videochamada, onde se despede dos entes queridos. A Secretaria de Saúde do Amazonas informou que a videochamada é acompanhada por psicólogos e negou que exista "seleção para ocupar UTIs, afirmando que quando ocorrem óbitos de pacientes que realizaram vídeochamada, "infelizmente, isso se deve à dinâmica natural da doença".
A informação da secretaria foi rebatida por fontes ligadas ao sistema de saúde da cidade. O Ministério da Saúde informou que a transferência está sendo planejada. "A pasta da Saúde, por meio do Comitê de Enfrentamento à Covid-19, está fazendo um planejamento para viabilizar a transferência de pacientes não covid internados em unidades hospitalares do SUS em Manaus. A finalidade é aliviar a sobrecarga do sistema de saúde e liberar mais leitos para acesso e tratamento dos pacientes acometidos pela covid-19, além de garantir acesso ao tratamento adequado para os pacientes acometidos por doenças crônicas", diz nota da pasta.
Vagas
De acordo com fontes ouvidas pelo Correio, o governo federal negocia com os estados a disponibilização de mais leitos de UTI, além dos que já foram liberados. O Ministério da Saúde afirmou que, desde o início da pandemia, "habilitou no estado do Amazonas 259 leitos de UTI exclusivos para Covid-19" e que "para financiar estes leitos, a pasta está investindo cerca de R$ 1,8 bilhão. Cada um desses leitos recebe a diária de R$ 1,6 mil - o dobro do valor pago normalmente pelo período de 90 dias, em parcela única", conclui o texto.
Manaus tem 2 milhões de habitantes, sendo uma das maiores capitais do país e tem apenas dois grandes hospitais para atender moradores da capital e do interior. A avaliação de técnicos do governo é de que o sistema de saúde da cidade entraria em colapso cedo ou tarde, e a pandemia acelerou isso. O Ministério da Saúde afirma que avalia a estrutura que pode ser deixada como legado para a cidade, a fim de garantir melhoria do atendimento pós-pandemia.
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