O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quinta-feira (21/1) que o Brasil irá receber, ainda em janeiro e no começo de fevereiro, uma “avalanche” de propostas de laboratórios para a aprovação de vacinas contra a covid-19, mas não deu datas. O Brasil possui seis milhões de doses da CoronaVac distribuídas, e sofre com um impasse relativo à importação de matéria-prima da China necessária para a produção de vacinas em território nacional. Os insumos são necessários tanto para a produção da CoronaVac quanto da vacina de Oxford/Astrazeneca.
Apesar do cenário, o general avaliou que a vacinação contra a covid-19 no país ocorre dentro do programado. “A vacina está distribuída, estamos no processo de receber as novas doses tanto da AstraZeneca, quanto das doses fabricadas pelo Butantan. Outros laboratórios apresentam suas propostas, era o que nós esperávamos. Em janeiro e começo de fevereiro vai ser uma avalanche de laboratórios apresentando propostas porque são 270 iniciativas do mundo produzindo vacinas”, afirmou.
Pazuello disse que é preciso ter “muita atenção e cuidado” para colocar todas as vacinas disponíveis “o mais rápido possível”. “Dentro da segurança e eficácia e na nossa capacidade de colocar no lugar certo, na hora certa”, pontuou.
China/Índia
Até o momento, o governo não tem previsão de solução quanto ao imbróglio relativo à China, tampouco aquele envolvendo a Índia. Nesse último estão dois milhões de doses da vacina de Oxford/Astrazeneca, que no Brasil são produzidas em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O Ministério da Saúde chegou a fretar um avião para buscar as doses, mas não houve autorização do governo indiano em relação ao embarque.
A Índia anunciou nesta semana a exportaçaõ de doses a diversos países, mas o Brasil ficou de fora. O que se fala é que a decisão não foi apenas estratégica, de beneficiar a população de países vizinhos, mas também política. Isso porque a Índia não teve o apoio do Brasil no ano passado quando apresentou na Organização Mundial do Comércio (OMC) um pedido para quebra de patente sobre produtos relacionados ao combate à pandemia do novo coronavírus. O governo federal preferiu se alinhar aos Estados Unidos na questão.
Mal-estar
No caso da China, fala-se que o impasse pode ser resultado de diversas situações que geraram mal-estar entre os dois países, depois que integrantes do governo e pessoas próximas ao presidente Jair Bolsonaro atacaram o país. O próprio presidente já havia afirmado por diversas vezes que não compraria a “vacina chinesa de João Doria”, como a chamou.
Em um episódio mais recente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro acusou a China de espionagem via 5G, e recebeu uma resposta da embaixada da China. O Itamaraty resolveu interferir, chamando a resposta chinesa de ofensiva e desrespeitosa.
O próprio chanceler não se furtou de fazer publicações mostrando suas posições em relação ao gigante asiático. Em abril do ano passado, ele publicou um texto em um blog pessoal chamando o coronavírus de “comunavírus”, dizendo se tratar de “projeto globalista" como o "novo caminho do comunismo". Agora, o país não deve contar com a participação do chanceler para resolver o imbróglio de importação da matéria-prima vinda da China.
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