O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, informou nesta quinta-feira (21/1), que ainda não há data exata prevista para o recebimento dos dois milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca que serão importados da Índia. O uso emergencial das doses foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no último domingo (17), mas o imunizante permanece em território indiano.
“Com relação à vinda das vacinas da Índia, as notícias são muito boas, mas não há a data exata da decolagem. Ela será dada nos próximos dias. Próximos dias é muito próximo, por causa da posição indiana nesse desenho, não nosso”, disse o ministro, após evento de lançamento do projeto ImunizaSUS, do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
Segundo Pazuello, nesse caso, o que está pendente é a liberação do Ministério da Saúde da Índia. “Nós queremos, nós contratamos, nós pagamos, fizemos o empenho, temos o documento de importação e já temos o documento de exportação. É apenas nesse caso, sim, a liberação do Ministério da Saúde indiano que está sendo discutida”, informou.
Questionado pelo Correio se o problema com a importação das vacinas da Índia é político, o ministro afirmou: “Acho que é só [devido ao] período da vacinação na Índia, mais nada”. O Ministério da Saúde chegou a anunciar a data de decolagem do avião, que buscará as vacinas no país asiático, para sexta-feira (15), mas o voo foi adiado e, até o momento, não tem data para embarque.
Impasse
A Índia anunciou nesta semana que iria começar a exportação de vacinas a outros países, mas deixou o Brasil de fora da lista. O que se fala é que a decisão não foi apenas estratégica, de beneficiar a população de países vizinhos, mas também política.
Isso porque a Índia não teve o apoio do Brasil no ano passado quando apresentou na Organização Mundial do Comércio (OMC) um pedido para quebra de patente sobre produtos relacionados ao combate à pandemia do novo coronavírus. O governo federal preferiu se alinhar aos Estados Unidos na questão.
O país também enfrenta problemas relativos à importação de matéria-prima necessária para produção da vacina (Ingrediente Farmacêutico Ativo - IFA) da China. Também neste caso, a causa apontada para o imbróglio seria a relação estremecida entre o Brasil e o gigante asiático após diversas críticas de integrantes do governo ao longo dos últimos anos — incluindo o presidente Jair Bolsonaro e pessoas próximas a ele, como o seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Nesta quinta-feira (21/1), Pazuello disse que o embaixador da China do Brasil, Yang Wanming, garantiu que o impasse relativo à importação do insumo não se dá por questões políticas ou diplomáticas. O general conversou duas vezes com o embaixador na quarta-feira (20). Apesar da conversa, o ministro ainda não deu previsão para destravar o imbróglio.
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