O diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, disse nesta sexta-feira (15/1) que não se pode dizer que a situação alarmante em Manaus é provocada pela nova variante de coronavírus que foi identificada no Amazonas. A capital sofre com um colapso no sistema de saúde, com relatos de pacientes morrendo por falta de oxigênio nas unidades hospitalares.
“A redução do distanciamento social, a fadiga, a exaustão de ter que lidar com essas medidas estão levando a isso. E nós estamos entrando em ondas que, como ser visto no caso de Manaus, o sistema de saúde já havia sido enfraquecido por outras ondas. E, assim, é mais difícil sofrer um segundo e terceiro socos. A situação é difícil, e nesse caso, não é uma nova variante levando a esse [aumento] de transmissão. Novas variantes podem ter um impacto, mas é muito fácil só colocar a culpa na variante e dizer que foi o vírus que fez isso”, afirmou.
O diretor, então, completou: “Infelizmente, é também o que nós não fizemos que ocasionou isso. Nós temos que poder aceitar, como indivíduos, comunidades, governos, a nossa parcela de responsabilidade com esse vírus saindo do controle, ao mesmo tempo em que reconhecemos que as variantes do vírus tornam isso mais difícil”.
Reinfecção
O Ministério da Saúde confirmou nesta sexta-feira que foi notificado na última quarta-feira pelo governo do Amazonas, sobre uma reinfecção de covid-19 pela nova cepa variante de coronavírus identificada no estado. Há preocupação de que o aumento de casos de covid-19 no estado do Amazonas tenha relação com esta nova cepa.
Alerta
Em entrevista coletiva, diretora-geral assistente para Acesso a Medicamentos, Vacinas e Produtos Farmacêuticos da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mariângela Simão, também comentou a situação do estado, dizendo que o que está acontecendo deve servir de alerta para outros países. “Você tem o ressurgimento, mas, ao mesmo tempo, você tem um enorme colapso da estrutura do sistema de saúde. E nós estamos vendo isso também em países desenvolvidos”, afirmou.
Mariângela frisou que Manaus tinha uma uma estrutura colocada para situação de emergência vivida no primeiro semestre do ano passado. “E por causa do nosso falso senso de segurança, isso foi deixado. Então, é um alerta importante para outros países. Não deixe que o falso senso de segurança abaixar a sua guarda. Se você tiver construída uma estrutura com UTIs, oxigênios, se você fez isso, não feche, porque não acabou. Precisamos aprender com o que esta acontecendo em Manaus. Nós podemos prevenir outros danos se a gente pegar essa mensagem adiante. Não deixa a guarda abaixo, não acabou ainda”, afirmou.
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