O fundador das Casas Bahia, Samuel Klein, usaria os caixas de unidades da empresa para pagar por serviços sexuais, de acordo com decisões judiciais reveladas pelo UOL. Jovens garotas, algumas de 16 anos, iriam a diferentes lojas das Casas Bahia, onde seriam autorizadas por Samuel Klein a recolherem do caixa pagamentos que variavam entre R$ 10 mil e R$ 150 mil. A revelação se deu a partir de processos de ex-funcionários que se sentiam constrangidos em participar da situação, alguns já com indenização estipulada. O ex-proprietário da companhia morreu em 2014.
A revelação vem na onda de denúncias que envolvem o filho dele, o empresário Saul Klein, que, na semana passada, foi denunciado por supostamente abusar de 230 mulheres. A semelhança de comportamentos de pai e filho é mais uma coincidência na sequência de acusações reveladas por meio de depoimentos em processos judiciais que tramitam na Justiça brasileira.
As decisões judiciais de danos morais a funcionários mostram que jovens garotas se relacionavam sexualmente com o empresário, em grupo, e depois recolhiam pagamentos em lojas da rede, em dinheiro ou mercadoria. As garotas viajavam a São Paulo para passar dias com Samuel Klein.
Ao UOL, o advogado de Samuel Klein, João da Costa Faria, disse que os fatos são "altamente atentatórios à memória de um empresário venerado em todo o país, principalmente, por atos de inigualável solidariedade humana, com predominância aos menos favorecidos". "É lamentável que, na busca de fatos midiáticos, se permita tentar macular uma enraizada e inabalável imagem”. Em nota, a atual responsável pela gestão da Casas Bahia disse que não comentaria o caso.
Condenação
Um dos processos já apreciados pela Justiça resultou em uma sentença que condenou a Casas Bahia a uma indenização de R$ 15 mil. “O próprio depoente chegou a fazer um pagamento de R$ 150 mil para uma só garota a pedido de Samuel Klein". O ex-funcionário também afirmou, segundo os autos, "que os gerentes tinham de fazer todos os esforços para realizar esses pagamentos no momento em que a garota se apresentava na filial, já que estava autorizada a receber o seu pagamento em qualquer filial do país", diz trecho da decisão judicial.
Ainda segundo o documento, a situação gerava todo o tipo de constrangimento, de telefonemas diretos do presidente ordenando os pagamentos, a corridas, a pé, para outras filiais próximas quando faltava dinheiro no caixa. Em diversas ocasiões, houve discussões entre as garotas e os funcionários. Todas as indenizações a funcionários ficaram entre R$ 10 mil e R$ 15 mil.