O Ministério Público do Trabalho (MPT) registrou um aumento de 64% nas denúncias de assédio sexual no local de trabalho, em apenas cinco anos. De acordo com o levantamento, entre 2015 e 2019 foram quase 2 mil denúncias, sendo que, dessas, 476 denúncias resultaram em inquéritos civis para investigar as violações.
Já as denúncias de assédio moral somaram cerca de 35 mil acusações no acumulado do período 2015-2019 e, apenas ano passado, foram 7.588 acusações. A procuradora Regional do Trabalho e titular da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades (Coordigualdade) Adriana Reis relatou ainda que esses assédios não acontecem de forma isolada e que os números são subnotificados.
“Vivemos numa sociedade machista e com esse viés da violência de gênero. A vítima tem receio de fazer a denúncia e ser culpada e coagida. Além disso, as empresas tendem a resolver isso de forma interna e a mulher acaba sendo silenciada. Todos esses fatores favorecem o agressor e resultam em casos subnotificados”, ressaltou.
As mulheres têm se conscientizado mais de sua posição e Adriana atribui a isso o crescimento da quantidade de denúncias. “Elas têm mostrado coragem e buscando reparação no ambiente de trabalho. Muito ainda precisa ser feito e o olhar da sociedade deve ser voltado para a vítima, que precisa ser amparada”, observou. A procuradora salienta, ainda, que casos que tiveram ampla divulgação, como o da atriz Dani Calabresa e o da promoter Mariana Ferrer, acendem “um senso de justiça na população feminina”.
Adriana observa que não é preciso contato físico para que o assédio aconteça. “Pode ser por e-mail, ligações, conversas por aplicativos que apresentem um teor sexual que foge do relacionamento de trabalho”, explicou, para acrescentar. “Em situações de crise, há a tendência de aumento da violência contra a mulher. A probabilidade do levantamento referente a 2020 ser maior do que os últimos vistos são grandes”, estimou, por conta da pandemia do novo coronavírus.
* Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi