Apesar de estarem em uma região na qual a abundância do Rio Solimões se perde de vista, um dos maiores problemas enfrentados por boa parte dos quase 70 mil indígenas do Alto Solimões é a falta de água potável: no total, entre 30% e 40% da população das 245 aldeias vivem nessas condições, segundo o coordenador do Distrito Sanitário Indígena (Dsei) do Alto Rio Solimões, Weydson Pereira.
O pedido de socorro é expresso nas falas dos indígenas que faziam consultas com profissionais da Saúde das Forças Armadas na semana passada. A missão foi a última interministerial (com o Ministério da Saúde) do ano de 2020 em aldeia indígena. No total, foram 19 ações entre os ministérios da Defesa e da Saúde, sendo 16 voltadas aos indígenas no âmbito da Operação covid-9. A parteira Lilva Coelho Reis, de 33 anos, de Campo Alegre, aldeia em São Paulo de Olivença (AM) e que fica a 17km da cidade, pediu que o recado fosse repassado aos governantes: “Onde não tem água, não tem saúde.”
A gerente de enfermagem da Casa de Saúde Indígena (Casai) regional, Taynan Wadick, relata que o problema de saneamento básico é grave, e que existem muitos casos de diarréia por conta da água ingerida. Algumas aldeias têm poço artesiano, ou, no caso das maiores, há a possibilidade de captar água do Rio Solimões e fazer o tratamento. Em uma delas isso ocorre, mas é uma obra que precisa de mais planejamento e recursos.
A cacica de Campo Alegre, Luciana Custódia Marques, 40 anos, é categórica ao dizer que a maior dificuldade que se tem é a ausência de água, assim como a vice-cacica da Vila Independente, Yolaide Luciana. “Água é a nossa prioridade”, diz. Para aquelas aldeias sem qualquer fornecimento de água, a alternativa é usar água de chuva (que é constante na região). Por isso, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) fornece hipoclorito de sódio para que cada um coloque em sua água, tratando-a antes de beber.
Weydson Pereira afirma que a falta de abastecimento de água potável é o maior gargalo da região do Alto Solimões. De acordo com ele, a Sesai vai abrir licitação, ainda neste mês, para adquirir uma perfuratriz para abrir poços nas aldeias menores, de até 400 pessoas. Já nas aldeias maiores, é preciso de obras mais complexas, com estudos e contratação de empresa. O objetivo, segundo ele, é furar poços em 24 aldeias no próximo ano.
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