SAÚDE

Ministério da Saúde tem prazo curto para decidir sobre compra de vacina da Pfizer

Pfizer afirma que Ministério da Saúde tem somente mais "alguns dias" para decidir se compra o medicamento. Segundo a farmacêutica americana, a oferta é de uma quantidade "capaz de imunizar milhões no primeiro semestre" de 2021. Risco é o Brasil ficar no fim da fila

Bruna Lima
Maria Eduarda Cardim
postado em 05/12/2020 06:00
 (crédito: AFP / Kena Betancur)
(crédito: AFP / Kena Betancur)

O governo federal precisa decidir, logo, se adquire doses da vacina da Pfizer-Biontech, mesmo com as dificuldades de logística e armazenamento impostas pelo imunizante. Segundo representantes da farmacêutica norte-americana, o Ministério da Saúde tem somente “alguns dias” para dar uma resposta sobre a compra. A empresa teria comprometido aproximadamente 85% da produção, neste e no próximo ano, sem contar a previsão de uma compra extra que o governo dos Estados Unidos pretende fazer. Se a pasta não se manifestar, corre o risco de cair para o final da fila.

Em nota, a Pfizer disse aguardar “posicionamento oficial do ministério em resposta à proposta” da companhia, “que expira em alguns dias”. A quantidade específica a ser destinada ao país é mantida sob sigilo, mas, segundo a farmacêutica, a oferta é “capaz de imunizar milhões de brasileiros já no primeiro semestre” de 2021. A eficiência do medicamento ultrapassa os 95%.

A empresa negociou as doses com mais de 30 nações. Na América Latina, México, Chile, Peru, Costa Rica e Equador, com os quais a Pfizer fechou acordo de fornecimento, preveem iniciar a vacinação este mês ou no início de 2021, a depender da autorização das agências reguladoras locais. O imunizante adota a tecnologia RNA –– que exige baixíssimas temperaturas para estocagem e transporte. No Reino Unido, a distribuição do medicamento para grupos específicos da população começa na próxima semana.

No início desta semana, o secretário de vigilância em Saúde do ministério, Arnaldo Medeiros, sinalizou que a vacina da Pfizer-Biontech não estava nos planos. “Desejamos que a vacina seja fundamentalmente termoestável por longos períodos, em temperaturas de 2 a 8 graus, porque a nossa rede de frios é montada e estabelecida com essa temperatura”, disse.

Mas, na última quinta-feira, sinalizou um recuo: “O ministério comprará uma vacina que tenha terminado a fase três, apresentado todos os documentos à Anvisa e que obtiver o licenciamento. Temos a responsabilidade junto à população brasileira de administrar uma vacina que seja licenciada e que tenha mostrado sua eficácia e segurança”, justificou.

Por enquanto, o acordo mais sólido do ministério é com a AstraZeneca-Universidade de Oxford, que ainda não encerrou a fase três do estudo clínico e cujo registro pode ser o mais demorado –– a farmacêutica reconhece erros nos testes iniciais, que culminam na necessidade de ampliar as pesquisas. O governo federal espera obter mais de 100 milhões de doses para incluí-las no Programa Nacional de Imunização.

Outra alternativa é a CoronaVac, cuja inspeção da fábrica da Sinovac, na China, foi finalizada ontem. O Instituto Butantan, que faz parte da parceria, promete entregar o dossiê completo à Anvisa até 15 de dezembro. “A expectativa é que a CoronaVac, do Instituto Butantan, faça parte do rol de vacinas disponíveis e seja utilizada para a imunização em todo o Brasil”, afirma nota do governo.

País deve superar as 176 mil mortes hoje
O Ministério da Saúde contabilizou, ontem, mais 694 mortes e 46.884 casos da covid-19. Com isso, o Brasil já perdeu 175.964 vidas para o novo coronavírus e soma 6.533.968 infecções desde o início da pandemia. Faltando um dia para completar a 49ª semana epidemiológica, o país soma 196.812 novos casos nos últimos seis dias. Segundo a pasta, 87,9% dos infectados, ou seja, 5.744.369 pessoas estão recuperadas da doença. Outras 613.635, que correspondem a 9,4% dos diagnósticos positivos, ainda estão em acompanhamento. Das 27 unidades da Federação, 24 registram mais de mil mortos pelo novo coronavírus. São Paulo (42.788) e Rio de Janeiro (23.017) são os dois únicos estados com mais de 20 mil óbitos cada.

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