Nesta segunda-feira (23/11), a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou uma coletiva de imprensa para divulgação de balanço do mercado imobiliário no 3º trimestre de 2020, com informações sobre lançamentos, vendas, oferta final, preço e o programa habitacional Casa Verde e Amarela (CVA). De acordo com o balanço, o país registrou um aumento de 8,4% nas vendas de imóveis novos (apartamentos) nos primeiros nove meses de 2020, em comparação ao mesmo período do ano passado.
A coletiva virtual contou com a presença do presidente da CBIC, José Carlos Martins; do presidente da Comissão da Indústria imobiliária (CII) da CBIC, Celso Petrucci; e do sócio-diretor da Brain Inteligência Estratégica, Fábio Tadeu Araújo.
Ainda que os impactos causados pela pandemia do covid-19 tenham interrompido uma tendência de crescimento desde janeiro de 2018, o Brasil registrou um aumento de 8,4% nas vendas de imóveis novos. Segundo dados divulgados pela CBIC, nos primeiros nove meses do ano houve uma redução de 27,9% nos lançamentos de imóveis e uma redução de 13% na oferta, na comparação com o mesmo período do ano passado. "Em relação ao 2º trimestre de 2020, os lançamentos no 3º trimestre subiram 114,1%. Apesar do grande aumento, os números ainda não compensam as perdas do 1º semestre", explica em nota.
Os dados fazem parte do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 3º trimestre de 2020. Realizado desde 2016 pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, o trabalho foi divulgado durante coletiva de imprensa on-line nesta segunda-feira (23).
Foram coletadas informações de 150 municípios, sendo 20 capitais, de Norte a Sul do Brasil. Algumas cidades foram analisadas individualmente ou dentro das respectivas regiões metropolitanas.
Cautela e desabastecimento de insumos
Para a CBIC, o fato de o mercado não ter recuperado o volume de lançamentos represados em função da pandemia, apesar da tendência de crescimento nas vendas, pode ser um indicativo de cautela por parte dos empresários, em função do aumento no custo dos insumos.
Para o presidente da entidade, José Carlos Martins, a preocupação é com a considerável queda do estoque aliada ao aumento dos preços. “A primeira constatação é que apesar do aumento dos lançamentos no 3º trimestre deste ano, eles ainda não foram suficientes para recuperar toda a perda do primeiro semestre, que foi de 44%. Mas a nossa maior preocupação reside no desabastecimento de insumos. A lei da oferta e procura, o aumento de preço e o atraso de entregas geram dificuldades de manutenção do cronograma de obras. Se isso não for resolvido, pode gerar um temor para o setor”, disse.
Martins reforçou que o aumento de vendas, a redução de lançamentos e a consequente redução de oferta marcaram 2020. “Apesar da crise, prevejo que no ano que vem as atividades do setor como PIB, geração de emprego e renda vão se manter em função do que foi vendido agora. No geral, o setor está em um momento interessante, mantendo empregos, além de ter criado 100 mil novos postos de trabalho. Ano que vem continuaremos crescendo e essa é nossa contribuição para esse momento difícil”, afirmou.
Casa Verde e Amarela
Segundo a CBIC, o estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 3º Trimestre de 2020 também analisou a participação do programa habitacional Casa Verde e Amarela (CVA), nas unidades lançadas e vendidas, e ainda na oferta final de imóveis, em todas as regiões brasileiras. A representatividade do CVA sobre o total de lançamentos, no trimestre, foi de 54,7%. Sobre o total de vendas, essa participação foi de 53,0%. Na oferta final, o número de imóveis do CVA representou 44,0% do total.
Na avaliação do vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, os dados comprovam a importância do programa no mercado imobiliário em todas as regiões do país. “O mercado hoje depende quase que 75% do FGTS e do (programa) Casa Verde e Amarela. São entre 400 mil e 450 mil unidades por ano que possibilitam a aquisição da primeira moradia através do programa”, salientou.
Intenção de compra
Durante a coletiva de imprensa, também foi apresentada uma pesquisa que avalia a intenção de compra de imóveis por parte dos consumidores brasileiros. De acordo com o levantamento, a intenção subiu 15% em outubro, superando patamares anteriores à pandemia.
Para Fábio Tadeu Araújo, sócio da Brain Inteligência Estratégica, essa é uma linha de tendência de alta. “Dos 46% de pessoas que a pesquisa indicou em outubro que tem intenção de comprar, 13% já estão procurando imóveis. Esse é um número importante, pois significa que estamos 5% acima da média de antes da pandemia”, destacou.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro