A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira (23/11) o que é, segundo eles, a maior apreensão do ano contra a lavagem de dinheiro do tráfico internacional de cocaína. A ação atingiu uma organização criminosa de tráfico internacional com sete subgrupos sediados no Brasil, e resultou na apreensão de 50 toneladas de cocaína, 37 aeronaves (uma delas avaliada em US$ 20 milhões) e o sequestro de bens no valor de R$ 1 bilhão, sendo 11 milhões de euros apreendido em um ‘bunker’ em Lisboa, Portugal.
Segundo a PF, a apreensão foi um recorde de sequestro de bens. O chefe da organização é um brasileiro que mora na Europa e se utiliza, junto com os outros líderes do grupo, de um esquema financeiro grande, principalmente em São Paulo, para lavagem de dinheiro. A organização usava "laranjas" e empresas de fachada de vários segmentos para lavar bens e ativos multimilionários no Brasil e no exterior. Muitas vezes, sem sequer buscar lucro com aquele dinheiro, mas apenas para deixá-lo "lícito". Outros núcleos que atuavam para o grupo no Brasil já usavam de artifícios mais simples para fazer a lavagem de dinheiro.
O grupo usava portos no Brasil, África e Europa para traficar a droga. A operação, em conjunto com a Receita Federal, teve início em setembro de 2017, após uma apreensão de 780 quilos cocaína pelo órgão no Porto de Paranaguá (PR). Foram cumpridos, nesta segunda-feira, 151 mandados de busca e apreensão e expedidos 69 pedidos de prisão, sendo que até o final da manhã, 29 haviam sido cumpridas. Houve trabalho em conjunto com a Europol, Agência de Cooperação Policial da União Europeia.
"Maior operação da história"
Coordenador Nacional da Repressão a Drogas, Armas e Facções da PF, Elvis Secco afirmou que após análise do material, esta deve ser a maior operação da história em lavagem de dinheiro de tráfico internacional de drogas. “Demonstração à sociedade que todo crime de tráfico de drogas não deve ser encarado como periferia. Nós estamos demonstrando, ao longo deste ano, em cada uma das operações, que o crime organizado, os traficantes, os grandes líderes, não estão na periferia; estão na elite, financiando outros crimes, estendendo seus braços dentro e fora do país”, disse.
Secco frisou que mais importante do que as apreensões de droga, foi a ação de descapitalização do grupo. Segundo ele, mesmo tendo perdido mais de 50 toneladas de cocaína apreendidas, a organização enriqueceu e aumentou, tendo adquirido dezenas de aeronaves e uma casa na Espanha, que está a venda, no valor de R$ 2 milhões de euro. “Alguém poderia questionar que [com a apreensão de 50 toneladas] acabou com a organização. Mas, nem riscou. Hoje, sim, podemos dizer que arrebentamos com as estruturas deles”, explicou.
Líderes
Chefe do Grupo de Investigações Sensíveis, Sergio Luís Stinglin de Oliveira afirmou que o objetivo era, além de tirar a cocaína de circulação, identificar os principais líderes e delinear o patrimônio, assim como a forma que eles fazem a lavagem de dinheiro.
Ele explicou que a organização tem sete grupos no Brasil: dois fazem a logística da colocação da cocaína no Porto de Paranaguá, um deles, em São Paulo; um grupo de logística principalmente no transporte aéreo, em São José do Rio Preto (SP); outro, em Natal (RN), especializado no envio de cocaína à Europa por meio de embarcações de pesca; um grupo também no Rio Grande do Norte, para remessa de cocaína em meio a exportações de frutas; e dois subgrupos menores, no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que mandavam cocaína para o Porto de Paranaguá e para São Paulo.