A discussão ideológica não pode impregnar a avaliação da vacina CoronaVac. O alerta é do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, sobre a decisão da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) de paralisar os testes, nesta semana, após a notificação de um evento externo grave não esperado – a morte de um voluntário que, como constatou-se depois, cometeu suicídio. Ele participou, nesta sexta-feira (13/11), da reunião da comissão mista do Congresso que acompanha as ações contra a covid-19.
Apesar do embate, Covas afirmou que não faz julgamento de valor à decisão da Anvisa. "Eu tenho ressaltado que o assunto deve ser um assunto técnico, um assunto que diga respeito ao estudo clínico, à segurança da vacina e ao compromisso que todos nós devemos ter com a saúde do povo brasileiro", disse, reiterando a necessidade de se focar na ciência para salvar vidas, já que a média diária de mortes no Brasil pela covid-19 varia entre 400 e 600 óbitos.
Para Covas, as repercussões em torno da suspensão dos estudos da CoronaVac tiveram apenas efeitos políticos, mas não práticos. "Essa interrupção temporária não teve nenhum efeito prático sobre a condução dos estudos. Na realidade, os efeitos maiores foram os políticos decorrentes da forma como isso aconteceu, e do momento em que isso aconteceu", afirmou Covas, reiterando que, depois da paralisação que durou menos de dois dias, os estudos ocorrem normalmente.
A Anvisa anunciou publicamente a suspensão na noite de segunda-feira (9/11), minutos depois de notificar oficialmente o Butantan. No dia seguinte, ambas as entidades realizaram coletivas de imprensa para apresentar suas versões do episódio, mas houve desencontro de informações. Enquanto a agência argumentava ter agido com precaução diante da informação "incompleta e insuficiente" oferecida pelo instituto, este alegava ter fornecido todos os dados necessários, considerou desnecessária a interrupção e reivindicou a retomada imediata dos estudos.
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