O Brasil observa uma diminuição nas atualizações de casos e mortes de covid-19 desde setembro, o que tem refletido na queda das médias móveis. O movimento de declínio também é notado na taxa de transmissão que, na análise do Imperial College de Londres, é a menor desde a intensificação da pandemia. No entanto, o alerta se mantém, já que os números podem voltar a crescer. Excepcionalmente ontem, após uma semana de defasagens nas atualizações, o país registrou um aumento de novos infectados e óbitos, ficando acima das médias móveis, após o sistema de atualizações da covid do Ministério da Saúde voltar a funcionar. Foram acrescentados 48.331 registros e 544 óbitos ao balanço, totalizando 163.373 vidas perdidas e 5.748.375 de infectados.
De acordo com a pasta, problemas técnicos inviabilizaram parte das atualizações. A rede de tecnologia da pasta foi afetada por um vírus no último dia 5, que atingiu algumas estações de trabalho do órgão. “Por medida de segurança, a equipe bloqueou o acesso à internet, controlando a propagação do vírus, evitando maiores prejuízos ao parque tecnológico da pasta e garantindo a segurança dos dados”, disse, por meio de nota oficial.
A média móvel de mortes por covid-19 está em 323; a de casos, 22.519, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). O número considera a média diária da última semana para eliminar distorções geralmente observadas nos dados dos fins de semana.
Em sinal de declínio, o Brasil vive uma diminuição do contágio, com o registro dos menores índices desde abril. De acordo com o novo levantamento do Imperial College, a Rt está em 0,68, ou seja, cada grupo de 100 pessoas tem potencial para transmitir o vírus para outras 68 saudáveis.
A redução da Rt começou a ser observada em setembro, mês em que houve variação perto do índice 1, que indica que o contágio ainda está em níveis de descontrole. Com a redução, o status do contágio que era considerado lento a estagnado, agora, está em fase de declínio. No mapa dos 72 países analisados pelo Imperial College, apenas o Brasil e a Bolívia, que tem Rt de 0,64, estão nesse patamar de diminuição.
Estados
Apesar da aparente boa notícia, os índices podem voltar a subir, como ocorre na Europa, em países como Espanha, França, Alemanha e Itália. Por isso, o Brasil permanece no rol de países com a doença ativa. “É importante ter em mente que essa conta é em cima dos dados do Brasil como um todo, o que não reflete a realidade de cada local. Os dados agregados para todo o país, de fato, seguem mantendo uma tendência de queda (embora mais lenta do que anteriormente). Porém, quando olhamos para cada região do país, vemos que diversas capitais apresentam retomada do crescimento nos casos graves”, pondera o coordenador do Infogripe e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Marcelo Gomes.
No Brasil, das 27 unidades federativas, 24 registram números acima de mil mortos cada. São Paulo (39.907) e Rio de Janeiro (20.970) são os dois estados com mais de 20 mil óbitos cada. Depois de dias com dificuldade em inserir os dados no sistema, só os números de SP acrescentaram mais 24.936 casos e 190 mortes por covid ontem. (BL)